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sábado, 1 de fevereiro de 2020

Jogos Olímpicos: espírito de Missão

"Foi através da Ginástica e em particular das aulas de acrobática, na Associação Académica da Amadora, que nasceu a minha paixão pelo desporto. E foram as competições de Ginástica que, ao longo dos anos, foram captando a minha atenção aquando da realização dos Jogos Olímpicos (JO). Presa ao ecrã, admirava a flexibilidade, o equilíbrio, a coordenação e o rigor das ginastas em competição. Estava longe de imaginar que, anos mais tarde, os JO, esse evento multidesportivo carregado de emoções, fariam parte da minha vida profissional e me levariam a estádios, piscinas e pavilhões onde é possível vivenciar o desporto ao mais alto nível.
Trabalhar em contexto olímpico é, também, ter o privilégio de acompanhar o antes, o durante e o depois da participação de uma Missão nos JO. E, de Barcelona, em 1992, ao Rio de Janeiro, em 2016, são sete as Missões que contaram com o meu contributo, enquanto elemento de uma equipa multidisciplinar, focada em facultar aos atletas, treinadores e convidados as melhores condições de treino, competição e estadia.
É elevado e criterioso o volume de trabalho que engloba a preparação de uma Missão.
É abrangente o número de pessoas e entidades envolvidas, que não se limita aos atletas e treinadores, pois passa também pela equipa médica, a comunicação social, a Comissão Executiva do Comité Olímpico de Portugal e os convidados institucionais.
É rigoroso todo o procedimento de acreditações, inscrições desportivas, viagens, seguros, alojamentos, estágios de pré-competição, aquisição de trajes oficiais e equipamentos desportivos, transporte de equipamentos, aquisição de bilhetes e protocolo.
E para que todo o trabalho seja amplamente realizado não basta pensar, planear e executar. É necessário coordenar uma equipa, onde cada elemento conhece a fundo não só as suas tarefas e responsabilidades, mas também as suas fragilidades e as suas idiossincrasias.
Se até ao início dos JO todos temos de estar em forma, durante a realização dos mesmos o nosso equilíbrio é fundamental. O cansaço, a privação de sono, as contrariedades, as refeições fora de horas, fazem parte do nosso dia a dia. Porém, o sentido de responsabilidade e o cumprimento de objectivos falam mais alto e tornam-nos flexíveis, atentos, disponíveis e eficazes. Cada um de nós faz parte de uma orquestra que se quer afinada e diversificada num palco onde todos dançam a mesma música. 
Durante as semanas em que estamos fora de casa, a vida familiar continua a acontecer. E tudo pode acontecer. Um aniversário, uma doença, uma morte, um nascimento, o início de um ano escolar, o casamento de um melhor amigo. É preciso acompanhar à distância, agradecer a quem nos substitui e manter o foco no trabalho a desenvolver.
Integrar uma Missão Olímpica representa prestar um serviço ao país e para trabalhar com atletas de alta competição precisamos de ser, também, profissionais de alta competição."

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