"O jogo do Sporting no caldeirão dos Barreiros ganhou importância inesperada para as periclitantes equilíbrios do universo leonino...
O Estádio do Algarve foi palco da maior vitória de sempre do Benfica sobre o Sporting em campo neutro, um 5-0 que não era visto desde 1986, quando os encarnados eliminaram os eternos rivais, na Luz, com uma manita da Taça de Portugal. Trata-se, pois, de um resultado com impacto histórico, que pode vir a ter consequências sérias no restante da temporada, no que ao Sporting diz respeito.
Depois desta goleada, que deixou os adeptos leoninos em estado de choque, o desempenho da equipa de Marcel Keizer no caldeirão dos Barreiros, na estreia na Liga, vai revestir-se de uma importância inusitada para o equilíbrio do grupo de trabalho. Num Sporting 70/30, no que concerne aos fiéis do antigo presidente e ex-sócio, Bruno de Carvalho, assombrado por um julgamento do ataque a Alcochete que manterá as feridas mais sérias em carne viva, o sucesso do desempenho desportivo foi, ao longo da última época, um elemento apaziguador e aglutinador. Os leões conquistaram a Taça da Liga e a Taça de Portugal e sagraram-se campeões europeus de futsal e hóquei em patins, o que contribuiu para a coesão interna. O que poderá representar um descalabro no futebol para os periclitantes equilíbrios leoninos? Só o futuro terá resposta...
E Bruno Fernandes? Como se viu no Algarve, nenhuma unidade vale mais do que a equipa, e não foi por ter mantido o seu talentoso capitão que o Sporting não saiu goleado da final de ontem. Se retardaram a venda a pensar na Supertaça, fizeram mal. Porque, inclusivamente, o Sporting preparou o colectivo a contar com o contributo de Bruno Fernandes e perdê-lo agora significará sempre um atraso no processo de automatização da equipa, além de que encontrar um jogador de calibre semelhante não será fácil.
Falta falar do Benfica, que confirmou grande solidez, com ideias definidas e bem trabalhadas, não obstante todas as dificuldades colocadas pelo Sporting ao longo do primeiro tempo. À equipa de Bruno Lage faltará alguma concentração nos momentos de perda de bola, e mais pragmatismo no início do jogo, a partir do guarda-redes. Foi por aí que os leões tiveram oportunidades de marcar em primeiro lugar. Mas, assim a integração de Raul de Tomaz seja mais efectiva e André Almeida regresse à direita (e Samaris, o que se passa com o grego?), a equipa pode superar o patamar da época passada.
Ás
Pizzi
Grande exibição, a marcar e a assistir, confirmando-se como o playmaker que não precisa de jogar a 10 para pôr a equipa a funcionar. O transmontano sente-se confortável no papel táctico que Bruno Lage desenhou a pensar nele e tem direito ao estatuto de peça muito importante em toda a manobra dos campeões nacionais.
Ás
Rafa
Quem o viu, à beira de um ataque de nervos quando encarava a baliza, e agora, frio e cirúrgico na hora de facturar! Como se deve estar a rir Luís Filipe Vieira de quem o criticou por ter pago 16 milhões, por Rafa, ao SC Braga (1 14 por Pizzi, ao Atl. Madrid). Um jogador letal, a dinamitar as linhas a partir das entrelinhas e a fazer a diferença.
Rei
Thierry Correia
O jovem lateral do Sporting, campeão europeu de sub-17 e sub-19, foi dos leões com melhor rendimento na final de ontem e merece que lhe concedam espaço e tempo para se afirmar na equipa principal do Sporting, porque qualidade não lhe falta. Aliás, outros com mais experiência estiveram ligados a momentos embaraçosos.
À boleia de CR7, um 'dream team' de Portugal...
«Gostava de ter jogado com Eusébio na Selecção Nacional. Era um futebolista extraordinário e uma pessoa fantástica...»
Cristiano Ronaldo, jogador da Juventus
Cristiano Ronaldo confessou que gostava de ter jogado com Eusébio na Selecção Nacional. Ok, a frente de ataque está encontrada. À direita jogava Luís Figo e à esquerda Fernando Chalana. Pode ser? Na cabeça da área ficava Mário Coluna e a 10 Rui Costa. Na defesa, Artur Correia, Humberto Coelho, Pepe e Hilário. À baliza ia o Manuel Bento. Uma equipa de sonho...
Parecia impossível
Lembram-se da série japonesa de desenhos animados do Oliver e Benji, dois futebolistas que faziam pontapés de bicicleta mirabolantes e remates supersónicos? O que Kyle Walker fez ontem em Wembley, já no tempo de compensação, evitando o golo de Mo Salah que daria a vitória ao Liverpool, na final da Supertaça frente ao Manchester City, foi tirado da banda desenhada, só pode, uma bicicleta nas alturas, que atirou tudo para os penalties que os citizens venceram. Há momentos inesquecíveis, no futebol. Este é, para os meus olhos, um deles.
Angel Di 'Magia' voltou a atacar
Indiferente às birras de Neymar ou à continuidade de Cavani, Di Maria com uma execução irrepreensível num livre directo, deu a Supertaça francesa ao PSG, que derrotou o Rennes (2-1), na final realizada na China. Aos 31 anos, o jogador que os argentinos tratam por El Fideo (O Esparguete) está como o vinho do Porto..."
José Manuel Delgado, in A Bola
«O Estádio do Algarve foi palco da maior vitória de sempre do Benfica sobre o Sporting em campo neutro...»
ResponderEliminar...
Penso que José Manuel Delgado se esqueceu de um outro 5-0 em campo neutro. Não sei quando foi, mas julgo que aconteceu no Estádio do Restelo.
Tratou-se de um troféu - a Taça de Ouro - que teve uma única edição. O resultado foi o mesmo mas, disseram as crónicas, a exibição do Benfica - essa sim!... - foi de um nível bem mais elevado.