"A religião monoteísta que Bruno Lage professa desde que Vieira deixou de ver a luz que o cegava tem, até prova em contrário, o respeito pelo jogo com único deus. Se, por vezes, reagimos aos flautistas-hipnotizadores de multidões com bocejos de aborrecimento, acredito que o treinador do Benfica tenha mesmo sentido que podia aproveitar a exposição de que dispõe e usá-la para algo de útil. Um passo importante para ajudar a mudar mentalidades.
Tentar a mudança a partir do topo é fazer algo que ainda não foi feito. Contudo, se a disponibilidade é de louvar também acarreta responsabilidades: as circunstâncias não podem alterar a direcção ou a ideia. Se garantir e no matter what, acredito que Lage e quem for na conversa, no bom sentido, possam mesmo dissipar o forte cheiro a naplam que se acumula do início ao fim de cada época.
Junte-se-lhe um Marcel Keizer igualmente pouco interessado em confusões e a FPF, entidade que organiza a Supertaça - e que além do acesso facilitado também possui agora todos os meios, desde a produção à distribuição -, garante os ingredientes para um excelente programa. Claro que a falta de bom conteúdo é um dos pontos de partida para a transposição do lado degradante do jogo para televisões e jornais, e o acesso deveria ser semelhante a quem é e não é organizador de competições, mas também aqui o treinador do Benfica toca num ponto essencial: os «títulos tolinhos» garantem mesmo «reacções tolinhas». Claro que não pode começar e acabar em Bruno Lage, Marcel Keizer e Sérgio Conceição. Há um papel que é do jornalista e do jornalismo. A maioria, porque nunca haverá unanimidade, tem de caminhar de volta à sua razão de ser: informar, com coerência e rigor. Já o falso entretenimento nas TV, que nem jornalismo é, serve para quê, mesmo? Onde se escondem os directores de informação?"
Luís Mateus, in A Bola
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