"Eusébio comprovou a máxima que quanto mais difícil a conquista, mais feliz é a vitória
Só mais um golo, Eusébio, só mais um golo! Era o que todos pensavam quando foi dado o apito de início da partida entre o Benfica e Varzim, na última jornada do Campeonato Nacional de 1967/68, no Estádio da Luz. Um jogo que toda a Europa olhava com atenção, pois estava em causa a primeira Bota de Ouro atribuída pelo semanário France Football e patrocinada pela Adidas. O primeiro lugar estava empatado entre Eusébio e Dunai, do Újpest, ambos com 36 golos. O campeonato húngaro já tinha terminado, dependia apenas de Eusébio. E se Eusébio não marcasse? Por cá, não se tinha a certeza...
Como se não bastasse, se o Benfica vencesse este jogo sagrar-se-ia campeão nacional. Poucos duvidavam da vitória benfiquista, só que a 'hipótese do futebol' não permitia que tomassem o título por garantido. Porém, o golo do 'Pantera Negra' tardava em chegar. O conjunto benfiquista, com um grande espírito de união e da amizade, mostrava uma 'febre de servir Eusébio (...) uma vez que toda a gente renunciava ao remate, às vezes nas melhores condições, para proporcionar à «Pantera Negra» a marcação daquele que se tinha como o seu golo'. Contudo, acabou por ter um efeito contrário, tornando-se 'altamente enervante para o próprio Eusébio que, sentido a obrigação de marcar o tal tento, se perturbou um pouco', e, assim notava-se uma certa precipitação na finalização dos lances.
Deste modo, foi Torres quem inaugurou o marcador, e, cerca de vinte minutos depois, com um remate fulminante, o jogador de Torres Novas afastou para cada vez mais longe a incerteza do título. Para mais, o Sporting estava a perder no Restelo. Na 'Catedral', 'a segunda parte era para festa, sem problemas'. Só faltava a cereja em cima do bolo, que foi colocada a um minuto do intervalo! Foi o tento mais aplaudido de todo o encontro e Eusébio viria a partilhar: 'pela sua dificuldade e por me ter dado, suponho, a «Bota de Ouro?, alegrou-me extraordinariamente'. No final do jogo, o Benfica venceu o Varzim por 8-0, com seis golos do 'Pantera Negra', que se tornou num dos melhores marcadores nacionais de sempre.
Para além da Bota de Ouro, Eusébio também conquistou a Bola de Prata, distinção atribuída pela A Bola ao melhor marcador nacional, pela quinta vez consecutiva, um feito que, até À data, ninguém conseguiu repetir.
Estas valiosas e simbólicas peças podem ser vistas na área 24 - O 'Pantera Negra' e Outras Lendas, no Museu Benfica - Cosme Damião."
Lídia Jorge, in O Benfica
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