"Voltar a vencer no Bonfim é o único caminho de normalidade. Excepcional no Benfica é não ganhar
Uma vitória sobre o Feirense que tenta não descer à II Divisão e outra sobre o Paços de Ferreira que tenta subir à I Divisão não são mais do que o cumprir da obrigação e da normalidade encarnadas. Excepcional no Benfica é não ganhar. Não se aceita outra normalidade nos lados da Luz que não seja vencer.
Voltar a vencer no Bonfim é o único caminho de normalidade, para continuar na luta de um campeonato disputado por vários candidatos. Destaques individuais, embora os haja, fazem pouco sentido nesta fase, pois seriam sempre lidos como crítica imerecida ou menosprezo pelos demais. Não há pois qualquer razão para títulos propagandísticos ou alegrias induzidas por capas de jornais. O Benfica é uma deslocação tradicionalmente complicada para o Benfica, as equipas de Lito Vidigal jogam excepcionalmente bem contra nós. Há lugar a uma certeza: estamos com vida difícil mas muito realizável no objectivo do campeonato, estamos a um ponto da final four da Taça da Liga e vamos a Montalegre (esperamos todos que seja em Montalegre) com os olhos no Jamor. Dezembro vai apertar no calendário dos jogos, mas vai também ser a oportunidade de redobrar a ambição de passar o ano com os objectivos intactos e revigorados.
No futebol o disparate não tem latitudes e discutir uma final da Taça Libertadores em Madrid não lembrava nem a Américo Vespúcio que em 1502 entrou no Rio da Prata. Mas na CONMEBOL parece que só conta mesmo a prata e o ouro, talvez em homenagem a uma longa tradição de piratas da zona. Mas, como nos ensinaram, o futebol é a coisa mais importante que existe, dentro das coisas sem importância.
Palavra final, mas a mais importante, para um amigo, colega dos órgãos sociais do Benfica há vários anos, que partiu deixando em todos nós que com Vítor Neves partilhámos este caminho uma saudade eterna do seu sereno sorriso. Vítor Neves serviu o Benfica com lealdade e dedicação, sofreu e festejou com o seu/nosso Benfica e deverá ser eternamente lembrado neste momento em que nos deixa. O Vítor faz parte daqueles portugueses que gostavam de gostar dos amigos, das causas e das coisas e é por esses amigos, essas causas e essas coisas que tantos vão continuar a gostar e respeitar o Vítor."
Sílvio Cervan, in A Bola
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