"A personalidade e a energia de Toni, os seus fundamentos de carácter e as suas capacidades de entrega mental e física, como jogador e como treinador, fizeram dele uma das referências mais relevantes na história do Benfica a partir do último terço do séc. XX. Conheci-o, creio que em Outubro de 1967 (já lá vão mais de cinquenta anos...), numa das idas a Coimbra, no quadro das minhas recorrentes aventuras associativas daquele tempo de faculdade, num convívio proporcionado pelo meu grande amigo João Rodrigues com outros bons parceiros e colegas estudantes de Direito, Medicina e Letras, além de alguns dos mais emergentes jogadores da Associação Académica, como eram Vasco Gervásio, os manos Campos - Vítor e já também Mário -, o sereno Rui Rodrigues e, se bem me lembro, igualmente o mais circunspecto Artur Jorge, aos quais dessa vez, então, se juntava Toni.
Os nossos convívios haviam de prosseguir e desenvolver-se mais tarde (e muito mais frequentes e intensos), já no Benfica. Jogador de equipa dentro e fora do campo, Toni sempre jogou para a equipa. Foi, mesmo, o verdadeiro 'tractor' da equipa (para usar uma imagem que muito mais tarde, curiosamente, se lhe havia de colar ao destino...), já que era constantemente por ele que a força conjuntiva do Benfica se afirmava nos momentos mais difíceis e, em particular, nos jogos mais decisivos. Mas a sua atitude na relva não nascia ali: vinha-lhe de dentro, da sua natureza.
E desenvolveu-se de modo fulgurante na partilha do balneário, diante dos seus companheiros de jornada, dos quais cada um era mais brilhante que todos os outros. Na verdade, o 'miúdo-calmeirão' de Mogofores viria a impor-se naturalmente, primeiro pela generosidade do seu companheirismo e depois pela convicção do seu futebol, ao qual nunca faltou um precioso sentido de oportunidade e uma energia transbordante, constantemente servidos com responsabilidade e profissionalismo exemplares, com a sua atitude desportiva e leal, sempre positivo, sempre muito franco, mesmo nas horas em que teve de superar as maiores dificuldades pessoais.
Jogador e capitão do Glorioso e seu treinador-adjunto, treinador principal e director desportivo - o nosso único jogador e treinador por (muito) mais de uma vez campeão em ambas as qualidades -, é inquestionável que Toni faz parte da centenária histórica do Benfica, como um símbolo do próprio Benfiquismo. Por tudo isso. Toni merece o destaque que o nosso jornal lhe consagra nesta edição."
José Nuno Martins, in O Benfica
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