"Depois de, na semana passada, ter aqui escrito sobre o início da nova época e o carrossel de emoções que teríamos pela frente, a 1.ª jornada do campeonato acertou-nos em cheio no baixo-ventre, sem apelo nem agravo.
Uma derrota frente ao FC Famalicão fez aumentar as dúvidas, surgindo críticas de vários quadrantes, além de delírio sobre uma 'possível' substituição de Roger Schmidt por Sérgio Conceição. Quando se pensava que seria difícil criar ainda mais barulho em torno do SL Benfica, a perda dos 3 pontos serviu como uma luva aos donos e donas de todas as certezas do mundo.
Adoraria conseguir, em frente a um teclado ou à mesa do café, encontrar as soluções milagrosas para tudo o que se passa com o futebol masculino do Glorioso, mas não tenho tais capacidades. Sou um simples adepto, tenho a minha opinião sobre esquemas táticos, entrega e alegria em campo ou estilo de jogo, mas daí até ser capaz de insultar, denegrir e atacar direção, equipa técnica e jogadores vai uma distância demasiado grande. Tão grande, que nem me dou ao trabalho de entrar em diálogo. Fossem terraplanistas ou chalupas antivacinas, e a receita seria a mesma - deixar falar, de preferência ao longe, porque a minha sanidade mental vale muito mais do que aceitar o extremismo e as certezas definitivas como argumentos válidos.
Tenho muito poucas as certezas, mas uma delas é o respeito que tenho por todos os atletas, treinadores e dirigentes que representam o Sport Lisboa e Benfica. Sejam eles quem forem, seja que direção for. É assim que me vou manter, goste-se ou não, nas páginas deste jornal, nos espaços de comentários da BTV ou nas mesas de café com os meus amigos. Sim, o clima está tenso, e não faltam hienas, de todas as cores, a rir e a afiar as garras. Algumas já não escondem o contentamento, mas, como se diz no mais puro vernáculo, pode ser que se tramem. Ou coisa parecida."
Ricardo Santos, in O Benfica
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