"Raúl de Tomás. É o nome do homem que nos últimos seis meses conseguiu a proeza de elevar expectativas, desiludir e posteriormente, surpreender a generalidade dos adeptos do futebol. O hispano-dominicano formado no Real Madrid prometia golos e vinha com estatuto de promessa à espera do salto na carreira, mas no SL Benfica não passou de “fogo de vista”. Foi preciso um regresso ao país que o viu nascer para voltar a ser feliz.
Em apenas cinco jogos ao serviço do RCD Espanyol, leva já cinco golos. Na primeira metade da temporada marcou por três vezes em dezassete jogos (!), diga-se. Este paradoxo leva-nos a questionar: o que correu mal na estadia de Raúl em Portugal? A posição em que jogava no sistema de Bruno Lage? Terá sido um problema de adaptação, de confiança ou de mentalidade?
É complicado abordar este tema, sem mencionar outros nomes que fizeram da sua passagem pelo futebol português, um “trampolim” para outras paragens, com sucesso. No caso de RDT foi praticamente o oposto. Ainda que, financeiramente não tenha dado prejuízo ao clube da Luz, a nível desportivo não teve o desempenho esperado. Rodrigo Moreno e Ezequiel Garay (ambos do Valência CF), Javi García (Real Bétis), curiosamente, todos fruto da formação merengue, precisaram de dar um passo atrás, para dar dois à frente.
E agora, com este desempenho recente, leva o adepto comum a questionar: “então, não serve em Portugal, mas já serve para a La Liga, teoricamente mais competitiva e de maior qualidade?”. Ou “não é jogador para um clube que lute por títulos e é apenas um bom jogador para equipas de segundo plano?”. A meu ver, tudo isto se deveu a um conjunto de fatores. Começando pelo sistema tático, passando pela mentalidade, e por fim, um avançado vive de golos, logo a confiança não abunda, e nem todos lidam da mesma forma com a situação.
Primeiro, Raúl de Tomás sempre foi um número nove – capaz de preencher uma frente de ataque sozinho e com grande amplitude. Como se sabe, a maioria das vezes que jogou no Benfica, actuou como segundo avançado. Além disso, desde que chegou a terras lusas e principalmente dentro das quatro linhas, parecia um jogador algo desconectado da equipa. Não sei se devido à infelicidade que foi tendo, ou a algum problema dentro do plantel, mas a verdade, é que sempre pareceu com o “corpo num sítio e a cabeça noutro”.
Até que no mercado de inverno, os periquitos, aflitos, no último lugar da tabela classificativa decidiram avançar com 20,50M por 80% do passe do atleta, mais 1,5M por objectivos atingíveis. Em Barcelona encontrou também um treinador novo no clube (Abelardo), com a principal tarefa de retirar o clube de “zona perigosa” do campeonato. Num sistema de 4-2-3-1 ou 4-4-2, Raúl joga normalmente como ponta de lança móvel, em cunha com o argentino Jonathan Calleri.
Há que referir ainda que o Espanyol, apesar da época pouco conseguida a nível interno, mantém-se na Liga Europa, onde foi goleado pela “armada portuguesa” dos wolves, por quatro bolas a zero. Neste momento, RDT encontra-se lesionado, porém, a média de um golo por partida, antevê-lhe um regresso em pólvora à competição."
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