"Foi do Leixões para o Benfica, Pedroto levou-o do Varzim à Selecção; Meia hora de braço partido, no FC Porto campeão
1. Nasceu em Matosinhos, por Fevereiro de 1948, sem grande gosto fez a 4.ª classe - aos 12 anos já andava na pesca da sardinha. Não foi muito, porém, o tempo em que por lá andou. Descobrindo-o em torneio organizado na vila com balizas de andebol de 7 - Óscar Marques convenceu o pai a deixá-la largar a traineira para que se tornasse guarda-redes do Leixões (e ele deixou, esperançoso - e bem...)
2. Ainda jogava pelos juvenis, quando o Leixões se apurou para a final do campeonato - contra o Benfica. Nessa tarde, perdeu por 5-1, mas o destino tem caprichos assim: ao descobrir-se que a bola com que se jogara tinha peso ilegal, a FPF determinou a sua repetição e foi tão espantosa foi a sua exibição dessa vez que o Benfica voltou a vencer, mas só por 2-1.
3. Antes desse primeiro brilharete, estivera 15 partidas sem sofrer um golo - o que sofreu depois, sofreu-o do Freamunde. Num repelão, para se... «castigar a si próprio»(!) cortou o cabelo à escovinha. Vendo-o assim e de corpanzil avantajado, os adversários acharam que o Leixões se lançara a intrujice (e que o seu guarda-redes até já na tropa estava) - e desataram a protestar-lhe os jogos. Foi em vão, claro. Ao passar a sénior, Manuel Oliveira nem uma vez o utilizou na baliza do Leixões - nesse Leixões que tinha o Rosas (e ainda tinha o Crista).
4. António Teixeira (que fizera em Torres o golo que deu ao FC Porto o campeonato que entrou na história marcado por Calabote) tornou o comando do Leixões - e logo o levou a titular. A sua estreia foi a estreia do Nacional da I Divisão (em Setembro de 1967) e culparam-no da derrota por causa dum frango. Dois anos depois o Benfica foi buscá-lo por 1600 contos: 1100 para o clube, 500 para ele (que hoje seria pouco mais de que 150 000 euros - e naquele tempo o Morris 850 que tinha meninas em calções na sua publicidade custava 113 contos...)
5. Nessa sua primeira época no Benfica (1969/1970), lesão de José Henriques levou a que Otto Glória o pusesse sete vezes a titular - a última no jogo em que, na Luz, o árbitro João Nogueira, ajudado por Toni, conseguiu fugir de ser linchado por adeptos que em fúria invadiram o campo. Chamado à tropa, nos dois anos seguintes só sete jogos fez (e pela PM até à selecção militar de andebol chegou). E foi então que o Orense o desafiou para Espanha.
6. Vendo-se livre de contrato com o Benfica (apesar de na Luz ainda ter estado um mês a treina de borla - e do processo ter andado em turbilhão pela FPF), António Teixeira voltou a dar-lhe a volta ao destino, desafiando-o para o Varzim - e no apuramento para o Mundial de 78, Pedroto fez dele primeiro jogador do Varzim na selecção: titular na Luz, na noite em que ganhou à Dinamarca, com golo de canela de Manuel Fernandes (agredido por um dinamarquês, esteve largos minutos fora do campo a receber assistência, voltou à baliza, brilhante continuou). Quatro dias depois, o Sporting foi ganhar à Póvoa 4-3 - e só 24 horas após, ao arrastarem-no para o hospital pelo insuportável das dores, se ficou a saber que jogara meia-hora com o braço partido (sem sofrer mais nenhum golo) - a fractura atirou-o durante três meses para o estaleiro.
7. Pedroto foi para o FC Porto - e falhando a contratação de Damas, não perdeu tempo a pedir que o fossem buscar. Mal chegou, ganhou o campeonato de 1977/1978 - e nesse primeiro título de Pedroto e Pinto da Costa (que quebrou 19 anos de amargo jejum) não houve campeão mais campeão do que ele: fez os 30 jogos, só não jogou 15 minutos - a um quarto de hora do fim deixou o campo para que Rui, o histórico Rui Teixeira, pudesse ser o que nunca fora.
8. Quando, em 1980 se deu o Verão Quente das Antas, Pedroto foi despedido por Américo de Sá, Pinto da Costa saiu com ele de chefe do departamento de futebol. António Oliveira também se foi embora, solidário com ambos e levou Zandinga para o Penafiel. Na noite em que foi jogar às Antas, contra o FC Porto de Stessl, Zandinga apareceu, sorrateiro, atrás duma das balizas e dar impressão de enterrar qualquer coisa e a despejar por lá frasco com urina de cão. Achava que, assim, o poderia perturbar - e o que é certo é que duas bolas que foram à sua baliza entraram e o Penafiel empatou 2-2. Ele, porém, nunca deixou de negar que tivesse sido abalado pelo bruxedo (ou fosse lá o que fosse): «foi apenas dia mau» (que tinha poucos)..."
António Simões, in A Bola
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