"A serenidade é, de facto, um bem precioso. O homem que, mesmo nas conjunturas mais adversas, se mantém sereno pode observar melhor o ambiente em que se insere e, a cada momento, analisar com maior sagacidade os factores causadores da eventual perturbação para extrair as conclusões mais equilibradas e mais convenientes que logo lhe permitam reajustar-se um qualquer inesperado contexto, no sentido da superação da crise. Além disso, conseguir transmitir, através das adequadas escolhas de comunicação simples e eficazes, uma imagem de serenidade pessoal na situação envolvente não só permite credibilizar todas as decisões estratégicas que em tais circunstâncias seja necessário assumir como propicia o progressivo apaziguamento da comunidade inquieta. E é nessas conjunturas que os verdadeiros líderes surgem, se afirmam e vêm a prevalecer posteriormente. Seja como for, o exercício da serenidade é realmente, um factor absolutamente decisivo para definir a personalidade, o carácter e a dimensão dos verdadeiros chefes. Numa empresa, numa instituição (seja ela de que natureza for) ou até mesmo num país.
As comunidades às quais, em momentos difíceis, não seja dado reconhecer a temperança, a contenção ou o sangue-frio dos dirigentes podem, porventura, transitoriamente deixar-se iludir e conduzir numa, em dez ou em vinte ocasiões, em face de expeditas soluções dos seus governantes, ditadas na circunstância do confronto, pelo desempenho formal, pela incontinência ou pela mera conflitualidade pessoal.
Mas esses, no curso da história das instituições, duram apenas o tempo de um fósforo. Não subsistem.
E, desses, chega a haver os que até fogem da serenidade; a falta de um qualquer combustível para o confronto desespera-os; não conseguem viver sem as provocações e insultos que lançam constantemente para o ar; não morrem em nenhuma guerra, morrem, sim, para entrar em qualquer guerra e em todas as guerras que puderem inventar para si próprios.
O que se tem visto nas televisões (até à náusea) durante esta semana não é outra coisa senão em volta de um exemplo destes. Talvez o mais patético exemplo de um pretenso líder que, afinal nunca passou de palhaço. O problema é que o miserável bufão levou ao engano demasiadas vezes, durante demasiado tempo, demasiada gente: Tudo gente que nunca quis saber de serenidade.
(A mesmíssima gente que, agora, também despudoradamente, anda por aí a dizer que nunca votou nele..)"
José Nuno Martins, in O Benfica
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