"Deixemos, pelo menos por um dia, que o futebol passe para segundo plano. Esqueçemos, por uns minutos que seja, as discussões em torno de um dérbi mais equilibado do que se vaticinaria (o que não é exactamente uma novidade na história dos dérbis) ou sobre se o claríssimo fora de jogo em que André Pereira marcou o segundo golo do FC Porto frente ao Vitória de Guimarães devia ter sido apanhado mesmo sem VAR. Falemos, hoje, de Fernando Pimenta. Porque aquilo que aconteceu este fim de semana em Montemor-o-Velho merece sobrepor-se a todas as outras discussões. Ontem, pouco mais de 24 horas depois de se ter sagrado, pela primeira vez numa carreira recheada de títulos - já olharam bem para o currículo deste super-homem? - campeão do mundo em K1 1000, metros, voltou a vencer o ouro, revalidando o título em K1 5000 metros. E fê-lo com uma superioridade tal que não deixou margem para dúvidas: estamos perante um atleta que figura, já, entre os nomes grandes do desporto nacional. E deve Fernando Pimenta ser enaltecido como tal.
Sim, é verdade que às vezes, encadeados pelos holofotes do futebol, que quase tudo cegam, não damos o devido destaque a quem o merece. Mas, como costuma dizer-se, não há mal que sempre dure. E não nos podemos - nós que fazemos jornais - queixar de haver falta de cultura desportiva se nada fizermos para combater esse flagelo. Este é, portanto, o dia de Fernando Pimenta. Que há muito o merecia. É um daqueles atletas que nos fazem sentir orgulho de ser portugueses. Ele e todos os que, mesmo não ganhando, lutam contra as dificuldades para representarem Portugal em modalidades nem sempre devidamente reconhecidas. São, cada um à sua maneira, uns campeões."
Ricardo Quaresma, in A Bola
Nem por uma vez este artista refere que Pimenta é atleta do SLB. Será que faria o mesmo se fosse de um dos outros dois maiores clubes? Tenho o direito de duvidar.
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