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terça-feira, 28 de agosto de 2018

Dois pés que caminhavam juntos

"O Clube que além do desporto, amava o teatro

Em 1917, o Clube, entendendo que a arte eleva o espírito, apoiou a fundação do Grupo Dramático do Sport Lisboa e Benfica. Com Cosme Damião como presidente e director de cena, assistiu-se ao desabrochar dos amadores da cor rubra na arte de representar. Desde então, a par da dedicação incansável ao desporto, o amor ao teatro foi uma constante. Um exemplo dessa dupla faceta foi Eugénio Salvador que ora chutava a bola, ora 'vestia a pele' de uma personagem, tendo mais tarde optado pelo teatro, mas mantendo sempre ligação com o Clube.
Havia uma amizade tão bonita e autêntica entre os artistas e os jogadores que quando algum dos amigos precisava de apoio, lá estava o outro para o que desse e viesse! Aquando da disputa da Taça Trabalhadores do Teatro, em 1922, atletas como Cosme Damião e actores como Vasco Sant'Ana uniram-se em jogos em prol da Associação da Classe dos Trabalhadores do Teatro. Noutra ocasião, para que o antigo Estádio se erguesse, foi significativa a dedicação de diversos personalidades como Amália Rodrigues, Artur Agostinho e Félix Bermudes, então antigo presidente do Clube, escritor e dramaturgo.

Espontaneamente foi crescendo o número de benfiquistas a pisar o palco. E em finais de 50, é contratado o técnico Humberto de Ávila, que contava com 105 aspirantes e actores! Houve um trabalho intensivo na formação em expressão dramática para, no ano seguinte, no mês do desabrochar das flores, o Grupo Cénico do Benfica se apresentar, pela primeira vez, no palco do Clube Estefânia, contando com dezenas de benfiquistas na assistência. Que emoção!
Durante décadas, organizaram-se espectáculos, sessões culturais, palestras e conferências, quer nas próprias instalações, quer em teatros como o São Luiz, e também se estabeleceram parcerias para a obtenção de descontos nos bilhetes.

De facto, o Teatro e o Benfica andavam bem juntinhos. Até os jogadores, depois dos treinos, iam no autocarro do Benfica assistir a espectáculos! Um casamento perfeito, dois pés diferentes, de proporções ergonómicas distintas, mas que caminhavam com o mesmo fervor, suor e vontade, almejando alcançar a glória naqueles breves minutos, que sabem a segundos, pisando as tábuas e ao mesmo tempo o macio relvado, sob o olhar atento dos espectadores. Ter um coração rubro dá para estas coisas...
Para este e outros voos culturais, visite a área 16 do Museu Benfica - Cosme Damião."

Paula Antunes, in O Benfica

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