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terça-feira, 28 de agosto de 2018

19 contos e uma taça de latão

"Falemos aqui da primeira viagem do Benfica à Grécia, no final de Agosto e princípio de Setembro de 1973. Foi precisamente em Salonica que os encarnados se estrearam. E como duas vitórias convincentes: 3-1 ao Olympiakos e 2-0 ao Aris garantiram a vitória no Torneio de Salonica

Em 1973 já o Benfica viajara um pouco por todo o mundo mas nunca fora à Grécia. No final de Agosto, início de Setembro, avançou para uma digressão que compreendeu três jogos, dois precisamente em Salonica e mais um em Atenas. Os resultados foram inequívocos: duas vitórias e um empate - Olympiakos (3-1), Aris (2-0) e Olympiakos (1-1).
Pormenor curioso: o Olympiakos veio a ser o adversário dos encarnados na primeira eliminatória da Taça dos Campeões desse ano. E voltou a amargar: 1-0 e 1-0 para o Benfica.
Porque vem a propósito vamos ver o aconteceu em Salonia na primeira vez que Dona Águia aí pousou.
A estreia, frente aos homens do Pireu, correu de forma tranquila.
Jimmy Hagan resolveu fazer uma experiência: meteu Humberto Coelho na frente de ataque, com o apoiou de Nelinho e Moinhos. Em cheio: Hemberto marcou os três golos!
A equipa apareceu em campo com esta disposição: José Henrique; Artur, Malta da Silva, Messias e Adolfo; Rui Rodrigues, Toni e Simões; Nelinho, Humberto e Moinhos. Depois Bento substituiu José Henriques, e Nené e Vítor Martins entraram para os lugares de Moinhos e Rui Rodrigues.
Toni encheu as medidas de toda a gente. A vitória benfiquistas foi irretocável como um quadro de Matisse. Os gregos geralmente eivados do mais fanático nacionalismo, renderam-se à superioridade portuguesa. Mas, enfim, o adversário fora o Olympiakos, vindo lá da beira de Atenas, a capital, nem sempre bem recebido nas viagens ao norte da Grécia.
Salonica ou Tessalónica (significa 'vitória sobre os tessálios'), capital da Macedónia, a original, de tal ordem que o país que saiu da dispersão da Jusgoslávia até já teve de alterar o nome. Tessalónica: assim se chamava a meia-irmã de Alexandre, o Grande, baptizada por seu pai, Filipe, no dia preciso da batalha que travou contra os tessálios, seus vizinhos.
É na segunda cidade da Grécia que o Benfica decidirá o futuro na Liga dos Campeões deste ano.

Frente ao Aris
Esperava-se maior agressividade grega no segundo jogo do Torneio de Salonica que opôs o Benfica ao Aris, de seu nome, completo, em honra de Aris, o rival de Hércules.
Humberto Coelho voltava a jogar como ponta-de-lança. A equipa que entrou no Estádio Kleanthis Vikelidis ia assim formada: Bento; Malta da Silva, Bastos Lopes, Messias e Adolfo; Vítor Martins, Bernardino Pedroto e Simões; Nelinho, Humberto e Artur Jorge. Depois, José Henriques, Moinhos e Nené entraram para os lugares de Bento, Nelinho e Artur Jorge.
Era um Benfica capaz de apostar em jovens como António Bastos Lopes, que faria uma grande carreira no clube, ou Bernardino Pedroto, que fez neste jogo a sua estreia com a camisola encarnada mas que não viria a ter muito futuro na Luz. Mas a verdade é que marcou um dos golos da vitória por 2-0 sobre o Aris (o outro foi de Messias) e contribuiu decisivamente para a conquista de uma grande taça em latão e para o prémio de 19 contos para cada jogador do Benfica.
Em Atenas, dois dias mais tarde, um empate com o Olympiakos a um golo fechava a primeira viagem benfiquista à Grécia. Simões, de penálti, ainda deu vantagem aos lisboetas, mas os atenienses viriam a empatar a dez minutos do fim.
Em Portugal, preparava-se o jogo da festa de despedida de Eusébio. Seria marcante nessa época: implicaria a saída de Hagan em conflito com a direcção. Mas isso, como diz o povo de Ois da Ribeira a Santiago de Riba Ul, já  são outros quinhentos. E ficam para segundas núpcias."

Afonso de Melo, in O Benfica

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