"Um dos últimos grandes artistas do futebol anunciou o fim da carreira esta semana. O amante de vinhos que vestia a pele de arquitecto para delinear jogadas através do passe, visão e elegância de movimentos. Andrea Pirlo foi o "epíteto da classe", como um dia escreveu Jorge Valdano: "Um homem que lidera a sua equipa usando armas antiquadas para alguns, mas que, para mim, são insubstituíveis - ilusão, pausa e precisão." O oposto de intensidade.
Pirlo tinha aquela rara característica só ao alcance dos homens que marcam gerações. Quando a bola chegava aos seus pés, o jogo entrava num novo ritmo. Numa melodia que dependia dele para acelerar ou abrandar. O maestro que começou a 10 e recuou com o tempo para passar a desenhar todo o jogo da sua equipa à frente da defesa. Um cigano que vagueava em campo, como o próprio se descreveu, à procura de um par de metros para ser ele próprio. "É neste espaço reduzido que professo a minha crença: pensar, dominar a bola, passá-la a um colega e o colega marca um golo. Chama-se assistência e é a minha forma de espalhar felicidade."
Mas também distribuiu alegria através dos seus golos. Verdadeiras obras-primas de um homem com uma tranquilidade à prova de bala. O tal líder silencioso que falava com os pés, nas palavras de Marcelo Lippi. Imperturbável. Até no dia da final mais importante da sua carreira: "Não sinto a pressão. Passei a tarde de domingo, 9 de Julho de 2006, em Berlim, a dormir e a jogar Playstation. À noite saí e ganhei o Mundial." Para ti, Pirlo, um brinde de um bom vinho tinto e um obrigado por tantos anos de magia."
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