Últimas indefectivações

domingo, 12 de novembro de 2017

Ainda vamos a tempo?

"Há demasiada gente a tentar que o futebol regresse ao passado. Devemos, portanto, elogiar quem rema em sentido contrário.

Os jogos da Selecção Nacional assumem-se, por estes dias, como um oásis no deserto em que se está a transformar o futebol português. A iniciativa solidária da FPF provou, mais uma vez, que ainda temos salvação (mesmo que a esperança seja ténue), que o futebol ainda pode servir como ponto de união e não de divisão. É triste perceber que em pleno século XXI, numa altura em que a classe dirigente devia estar já numa fase de evolução bem mais desenvolvida, haja (mesmo quem seja mais novo) quem prefira o perigoso caminho do regresso ao passado, à estratégia da terra queimada, à ideia de que só berrando mais alto que os outros se pode, de facto, ser melhor do que os outros. E ainda é mais triste perceber que essa mensagem chega, sem filtros, aos adeptos, que a engolem como se ali estivesse, sempre, a verdade absoluta. Mesmo que estejam a ler, ver ou ouvir a maior das idiotices.
Já reparou, estimado leitor, que sempre que alguém apela à paz o clima piora? Porquê? Porque aos três grandes - nesse aspecto têm razão os pequenos e médios clubes (são eles que alimentam quase sempre o clima de guerra), mesmo que depois, nos locais próprios, lhes de dediquem uma vassalagem incompreensível - paz é coisa que não interessa. Porque enquanto o seu exército de soldados - os adeptos, a quem, por muito que digam o contrário, não passam cartão - estiveram entretidos a discutir e-mails, tweets, posts e afins não concentram as suas atenções no essencial, que tem sempre tendência para espreitar quando não se ganha. É, no fundo, uma táctica de guerrilha, que visa distrair não só os adversários mas também os aliados. E se pelo meio se puder pressionar, pelo medo, árbitros e instituições (de preferência os primeiros) melhor. E assim vamos todos caminhado, fingindo que estamos apenas e só a falar de futebol. Não estamos. Mas devíamos. Haja, portanto, alguém que não se limite a encolher os ombros e tente fazer alguma coisa para que não regressemos a um passado que não nos deixa saudade. Não sei se ainda vamos a tempo, mas vale a pena tentar.

José Fontelas Gomes, presidente do Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol, quis deixar, na entrevista que concedeu a A Bola, uma mensagem clara: podem tentar - e os três grandes, embora com estratégias diferentes, tentam-no quase todos os dias, seja através de pressão em programas no Twitter ou no Facebook ou através de entrevistas em que se pergunta porque se nomeiam ou não nomeiam árbitros - mas o CA não se deixa influenciar nas nomeações. Talvez muitos preferissem que Fontelas Gomes ligasse antes aos árbitros a perguntar que jogos queiram apitar, em seguida telefonasse aos presidentes dos clubes a perguntar que árbitro queriam para os seus jogos e só depois decidisse as nomeações. Que as coisas voltassem, no fundo, ao passado. O actual presidente do Conselho de Arbitragem prefere, pelos vistos, pensar pela sua cabeça. Decide sempre bem? Talvez não. Mas pelo menos é ele que decide. E isso chega.

O Belenenses chegou, talvez, ao seu ponto sem retorno. No fim do mês os sócios terão de escolher um de dois caminhos: manter o clube numa SAD em que muitos não se reveem, ou dar o salto no escuro - e uns passo atrás -, criando uma equipa sénior em que possam efectivamente mandar mas que terá de competir, no cenário mais optimista, no Campeonato de Portugal. Não é, percebe-se, uma decisão fácil. E já se percebeu que, aconteça o que acontecer, o que sair da Assembleia Geral do próximo dia 28 não será unânime. Desengane-se, pois, quem pensa que dela sairá um Belenenses mais unido. As divisões, até entre sócios, são já demasiado profundas para isso.

Lapidar
«Quando vejo aquele ego desmedido, o ser ordinário para algumas pessoas (...), enquadro-o no perfil de um sociopata»
Paulo Pereira Cristóvão, ex-'vice' do Sporting

«Em Inglaterra quase que se pode espetar uma faca nas costas do avançado que o árbitro deixa jogar. Os ingleses levam porrada, levantam-se e continuam a correr»
Roderick, jogador do Wolverhampton
(...)"

Ricardo Quaresma, in A Bola

PS: Mais uma o cronista demonstra cobardia...!!! Podia ter feito uma crónica 'justa', bastava 'separar as águas', 'chamar os bois pelos nomes', mas não... preferiu 'meter todos no mesmo saco'!!!

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