"Em muitos jogos o profissional mais bem pago dentro das quatro linhas é o árbitro; deixaram de ser os 'coitadinhos' do futebol.
A ameaça dos árbitros, que paira sobre o normal funcionamento do campeonato nacional de futebol, não é minimamente justificável e traduz uma mentalidade incompatível com as responsabilidades decorrente do novo estatuto da classe.
Os árbitros não podem fazer chantagem sobre o futebol porque são parte da estrutura, vivem dela e, com tal envolvimento, não podem deixar de ser solidários. Longe vão os tempos em que os juízes de campo eram o elo mais fraco do futebol. Eram tempos em que recebiam ao quilómetro e dependiam da boa vontade de quem os nomeava para, em função da distância de casa a que iam actuar, receberem mais uns trocos. Eram tempos em que os jogadores podiam olhar para os árbitros como o parente pobre da festa; e muitas vezes não os tratavam com o respeito que lhes era devido. Hoje, nada disso corresponde à realidade. Como o advento do profissionalismo, em muitos jogos da I Liga portuguesa, o profissional mais bem pago dentro das quatro linhas é o árbitro, prestigiado nas condições de trabalho que passou a ter, na forma como se desloca para as competições e fica instalado, e sobretudo na maneira como, ao fim do mês, vê engordar a conta bancária. Os árbitros deixaram de ser os coitadinhos do futebol nacional e têm de deixar de comportar-se como tal. Por tudo isto, não têm legitimidade para colocar em causa as competições.
Se têm razão de queixa, se querem reivindicar direitos que entendem assistir-lhes, devem fazê-lo num quadro coloquial, sem apontarem uma arma ao coração da entidade que os sustenta, sem morderem a mão que os alimenta.
E é esta diferença, do tempo em que tinham dificuldade em sobreviver legitimamente no futebol para os dias de hoje em que são muito bem pagos, que os árbitros e quem os representa parecem não entender.
Ao aceitarem ser profissionais, auferindo salários que oscilam entre os seis e os sete mil euros mensais, os árbitros devem assumir todas as consequências daí decorrentes, nomeadamente tudo fazerem para o sucesso da indústria que lhes paga.
Quanto ao que reivindicam - um valor que dizem ser-lhes devido por uma publicidade nem tem suporte documental - têm o direito de suscitar a questão e de defender aquilo que entendem ser a sua verdade. Mas não podem fazê-lo sob a capa da pressão oportunista, como está a suceder. A Liga deve conversar com os árbitros. Mas não deve ceder a chantagens.
Não há dúvida, em Inglaterra é outra coisa!
«Real Madrid e Barcelona não têm jogos tão difíceis contra os últimos classificados. É isso que faz da Premier League um campeonato fantástico»
Joey Barton, jogador do Queens Park Rangers
Ontem, o Chelsea, líder da Premier League, teve de esperar até ao minuto 88 para se superiorizar ao QPR, um dos últimos. E não foi a excepção que confirma a regra, em Inglaterra todos os jogos são muito disputados e é essa a principal diferença, que torna este campeonato o melhor do mundo.
(...)"
José Manuel Delgado, in A Bola
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