"Hoje o pontapé-de-saída vai directamente para relvas. Sim, no plural. Porque o que por aí se vê, não é um caso, nem dois, mas muitos. Passou a ser uma lastimável regra o estado das coisas a que se chegou. Uma quase epidemia.
Em Portugal, já nem falo apenas dos clubes modestos onde, de há muito, a qualidade dos relvados deixa muito a desejar. Refiro-me aos dos mais importantes clubes, onde se joga em condições que se desfavorecem o espectáculo, menorizam os artistas e facilitam as lesões.
Mas, lá por fora, passa-se o mesmo. Na tão rica Liga dos Campeões há rectângulos indignos de uma divisão secundária doméstica. Por exemplo, ver o Milan-Barcelona foi quase deprimente na ervado de San Siro. Aliás não há relva em Itália que mereça aprovação. Já nem falo dos estádios do leste europeu assolados pela neve e frio que, não raro, constituem um perigo para os atletas (veja-se o caso do Zenit-Benfica há um ano). Mesmo os clubes mais ricos como o Real Madrid oferecem condições de relva que são insulto perante os biliões que se gastam em passes e ordenados dos jogadores e técnicos. No meio desta regressão, ainda é a invernosa e, por regra, pluviosa Inglaterra que, não obstante, melhor procura remediar o mal.
Curiosa a sempre contraditória UEFA: tantos cuidados com minharias, tanta preocupação com o fair-play desportivo e financeiro, tanta discursata pró-espectáculo e nada desassossegada com a falta de fair-play relvático. Que permite vergonhas como a de deixar que um jogo decisivo para o Europeu mudasse de um campo razoável em Sarajevo para um batatal em Zenica, como foi o que aconteceu em 2011 no Bósnia-Portugal!"
Bagão Félix, in A Bola
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