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quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Carta à ministra da Saúde e à DGS. Eu, treinador e pai de atletas, peço: não matem o desporto em Portugal


"Declaração de interesses: Não sou médico. Não sou virologista, epidemiologista ou pneumologista. Sou um simples cidadão que pratica desporto desde os 4 anos (tenho 49). Sou treinador. E pai de filhos que praticam desporto. Desporto nos escalões de formação. Porque, na minha óptica (já era assim na cabeça do pai, que me incutiu a disciplina), o desporto faz parte, obrigatória, da sua formação. Do carácter e do lado cívico. Para além do habitual, faz bem à saúde.

Como disse, sou um mero treinador de uma modalidade que é considerada de alto risco: o râguebi. Tenho, por acaso, um filho que inicia o último ciclo de formação (primeiro ano de sub-18). Outro, que esperava inscrever para dar os primeiros passos na mesma modalidade (depois de dois anos de tentativas), ia intermediar o raguêbi com o judo que já pratica. Tenho uma filha na ginástica e outra ainda que, depois da natação e ginástica, procura encontrar algo que se adapte às suas características, e que, de certeza, teria uma modalidade a acolhê-la, mas que agora pergunta: “Pai, posso fazer...?”
Quatros filhos que fazem desporto, desde pequenos, mas não porque sim. Fazem-no por razões de saúde, sim, mas essencialmente por razões formativas de carácter, como disse. Por razões cívicas. Para serem melhores pessoas.
Saio, por razões óbvias, do meu casulo de formação — râguebi — que, face ao documento apresentado pela DGS, muito dificilmente, a nível sénior, terá capacidade para cumprir o agora pedido: testagem a todos os intervenientes 48 horas antes da competição. O mesmo se aplicará a outras modalidades.
Dirijo as minhas palavras e preocupações para o desporto de formação. A todos os desportos, do menor ao mais alto risco.
É um grito de alerta para os milhares de clubes cujas receitas e sobrevivência dependem dos jovens. Cujos desportistas, num processo de pirâmide, alimentam o desporto português. Que disputam as competições nacionais e internacionais. Que, muitos deles, representam o país a nível de selecções. O nosso país."

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