"No passado dia 30 de Novembro, no jogo frente ao CS Marítimo, Luís Miguel Afonso Fernandes, conhecido no mundo do futebol por Pizzi, atingiu a marca de 250 jogos com a camisola do Sport Lisboa e Benfica. O médio português marcou 61 golos nestas 250 partidas, superando Rui Costa, Shéu Han, João Alves e Carlos Manuel, ficando apenas atrás de Mário Coluna, que fez abanar as redes 81 vezes no mesmo número de jogos.
Ao longo das seis épocas nas quais representou o Benfica, Pizzi foi campeão nacional por quatro vezes, conquistou duas Taças da Liga, uma Taça de Portugal e três Supertaças. Durante este período, o camisola ’21’ foi consistentemente o melhor jogador do Benfica e um dos melhores a actuar em Portugal.
Mesmo contando já com este currículo invejável, a importância que Pizzi tem no jogo dos encarnados continua a ser ainda muito subestimada. O tratamento dos adeptos encarnados ao internacional português é, por vezes, muito injusto.
Em termos objectivos, o SL Benfica não alcançou a vitória em sete partidas esta temporada. Em três dessas sete, Pizzi não foi titular e em mais duas (ambas frente ao Leipzig) os encarnados sofreram golos decisivos, que custaram pontos, já sem o internacional português em campo. Frente ao FC Zenit, em São Petersburgo, a tendência manteve-se, tendo a equipa das águias sofrido mais dois golos já sem Pizzi no relvado.
É certo que estes dados estatísticos valem o que valem, mas a importância ofensiva que Pizzi tem no jogo da equipa de Bruno Lage é por demais evidente. Em ataque posicional, é normalmente por Pizzi que passam as funções de organização de jogo (o jogador toca na bola 71 vezes por jogo). É através dos pés da camisola ’21’ que a bola chega aos sectores mais ofensivos da equipa. O dinamismo que Pizzi tem na sua posição, sobretudo desde a sua colocação a interior direito, faz com que a equipa encarnada tenha um jogo mais fluido e menos posicional.
Esta “deambulação” posicional (contida obviamente) permite a Pizzi aparecer muitas vezes em zonas mais interiores e frontais que lhe permitem somar golos e assistências, com mais facilidade. A entrada de Chiquinho na equipa permitiu que Pizzi ocupasse zonas mais interiores, fruto de trocas posicionais com o próprio Chiquinho. Em certos jogos, o camisola ’21’ das águias aparecia muito encostado ao corredor, o que lhe retirava as suas maiores qualidades: a capacidade de passe e o seu QI futebolístico.
No entanto, a importância de Pizzi é mais perceptível precisamente nos jogos em que o internacional português não vê qualquer minuto em campo. Pegando como exemplo a derrota frente ao O. Lyon, onde vimos um Benfica sem ideias e sem um verdadeiro criativo. Perante a forte pressão dos rápidos avançados da equipa francesa, o Benfica sentia grandíssimas dificuldades em construir o jogo a partir de trás, vendo-se obrigado a bombear bolas na frente de ataque. Pizzi teria sido fundamental para quebrar a primeira linha de pressão dos franceses e impulsionar o ataque dos encarnados. Após a sua entrada, o Benfica subiu consideravelmente de nível e chegou mesmo ao golo.
O contrário também é aplicável. Quando Pizzi está em campo, mas está longe do seu melhor, a equipa ressente-se fortemente. A criatividade do jogador e o seu pensamento do jogo são fundamentais para o rendimento do SL Benfica. No fundo, Pizzi é um número ’10’ desviado à direita.
Uma das qualidades que Pizzi mais tem demonstrado nos últimos anos é aquilo a que os americanos chamam de gene “clutch”, ou seja, a capacidade de ser decisivo nos momentos do jogo que realmente importam.
Quando parece que o médio português está a embalar para uma pálida exibição, lá aparece nos momentos fulcrais fazendo uma assistência repentina ou empurrando a bola para o fundo da baliza. Se há época em que tem sido evidente esta capacidade de assumir o jogo e ser o factor decisivo tem sido precisamente esta. Nesta temporada, Pizzi leva já 15 golos marcados (igualou o seu máximo de carreira) e 8 assistências em apenas 22 jogos, números absurdos para o médio.
Uma das críticas de que Pizzi mais é alvo é o seu “desaparecimento” em jogos decisivos. Para mim, este fenómeno é de fácil explicação. Não é difícil identificar Pizzi como o motor do jogo ofensivo das águias, logo os treinadores adversários procuram sempre impedir que Pizzi imponha o seu jogo de forma natural. Cabe a Pizzi e ao treinador do SL Benfica encontrarem forma de evitarem estes entraves. O que é certo é que, muito dificilmente, a equipa será mais produtiva sem Pizzi em campo.
A relação de Pizzi com os adeptos é um caso de estudo. Quando o Benfica tem exibições menos conseguidas passam por Pizzi a maior parte das críticas. Se, pelo contrário, Pizzi não tiver figurado do jogo e o resultado for igualmente negativo os adeptos questionam a sua não-utilização. Enfim, as clássicas contradições de um adepto de futebol.
Pizzi não merece de todo esta mentalidade de “bestial a besta”. As suas exibições e os seus números falam por si. Pizzi é neste momento absolutamente imprescindível e merece mais reconhecimento e apoio do universo encarnado."
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