"Muito se tem discutido – e publicado – sobre as dificuldades com que Fernando Santos se debate para escolher os jogadores para a selecção nacional. Durante muitos anos foram os pontas de lança, até há pouco tempo foram os laterais e ainda perdura o deficit de centrais.
Se olharmos para as convocatórias vemos que a esmagadora maioria dos jogadores chamados para aquelas posições actuam no estrangeiro, para onde muitos deles emigraram em fases precoces das suas carreiras.
O que nos transporta para os campeonatos internos, nomeadamente a I Liga, onde os lugares-chave de muitas equipas (incluindo as que lutam pelo título) são preenchidos por não nacionais, muitas vezes contratados a peso de ouro e tirando o lugar a jovens promessas que nada lhes ficam a dever em termos de qualidade.
Ainda não falámos de guarda-redes, mas é precisamente um dos temas que mais nos preocupam.
A selecção está bem servida, com os maiores a actuarem no estrangeiro: Rui Patrício, Beto, Anthony Lopes, José Sá, Bruno Varela e até Eduardo, que já deixou de ser chamado.
Por cá apenas dois internacionais, mas com pouco traquejo nessas andanças, Cláudio Ramos (Tondela) e Marafona (suplente no Braga depois da grave lesão que sofreu). Elencámos os guarda-redes mais utilizados na I Liga, titulares ou suplentes mais utilizados (ou com banco cativo) e chegámos a números assustadores.
Dos 56 nessas condições nas 18 equipas encontramos 10 nacionalidades diferentes: brasileiros, franceses, espanhóis, belgas, gregos, russos, sérvios, iranianos, camaroneses, nigerianos e, naturalmente, portugueses. Isso até nem seria grande problema, mas acontece que 22 são brasileiros e apenas 20 portugueses...
Quanto à titularidade, a maioria das equipas tem brasileiros (10): Sporting (Renan Ribeiro), V. Guimarães (Douglas), Sp. Braga (Matheus, há muito lesionado), Marítimo (Charles), Rio Ave (Leo Jardim), Boavista (Helton Leite), Belenenses (Muriel), Moreirense (Jhonatan), Feirense (Caio Seco) e Nacional (Daniel Guimarães); espanhol (FC Porto, Casillas), grego (Benfica, Vlachodimos), francês (Aves, Beunardeau); e só cinco portugueses, Chaves (António Filipe), V. Setúbal (Cristiano), Tondela (Cláudio Ramos), Portimonense (Ricardo Ferreira) e Santa Clara (Serginho). Sendo de assinalar outros portugueses que têm partilhado a titularidade, como Tiago Sá (Sp. Braga), André Ferreira (Aves), André Moreira (Feirense), Joel Pereira (V. Setúbal), Marco Pereira (Santa Clara) e Ricardo (Chaves), assim como o georgiano Makaridze (V. Setúbal) e o brasileiro Bracali (Boavista).
Mas dos 12 que defendem as redes dos quatro primeiros classificados, apenas encontramos três portugueses, os já citados Tiago Sá e Marafona, e o jovem Luís Maximiano (Sporting, ainda não utilizado), a par do francês Salin, do belga Svilar, do russo Zlobin e dos brasileiros Vaná e Fabiano.
Nas camadas jovens existe gente com muita qualidade, alguns já a jogarem no estrangeiro e com lugar cativo nas selecções e outros que certamente irão crescer e disputar as titularidades nos seus clubes. Oxalá tenham o necessário apoio para o conseguirem.
Uma última palavra para o António Magalhães, a quem devo ter voltado a escrever no Record, onde deixou a sua marca com um rasto de competência e qualidade; e para a nova equipa que assumiu a direcção do jornal, Bernardo Ribeiro e Sérgio Krithinas, que saúdo com amizade e a quem desejo as maiores felicidades na difícil tarefa que têm pela frente."
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