"Um fenómeno único, pelo menos nos últimos 29 anos, mas com fortes probabilidades de ser um recorde na história do ténis profissional, leva-me a interromper a trilogia de artigos dedicados à cerrada luta de bastidores pelo domínio político da modalidade.
Segundo a WTA, fundada em 1973, esta época de 2019 marca «a primeira vez na história (do circuito profissional feminino) que os primeiros 13 títulos do ano foram conquistados por 13 jogadoras diferentes».
E no circuito profissional masculino? Embora a ATP tenha sido fundada em 1972, os seus dados estatísticos referem-se a 1990, o ano de nascimento do actual ATP Tour, mas também são arrasadores: «um recorde de mais torneios (consecutivos) diferentes (19) com 19 campeões diversos para iniciar uma época, isto desde 1990».
Se este fenómeno num dos circuitos já seria estranho, nos dois em simultâneo é inédito.
Em 32 torneios disputados este ano nas primeiras divisões do ténis houve 32 vencedores distintos! Veremos se o supertorneio de Miami (Masters 1000 ATP e Premier Mandatory WTA) irá quebrar esta tendência.
Esta raridade é mais inesperada no circuito masculino do que no feminino. Afinal, se olharmos apenas para os principais títulos, os do Grand Slam, constatamos que os últimos nove, isto é, todos os de 2017 e 2018 e o primeiro de 2019, foram sempre parar às mãos de Roger Federer, Rafael Nadal ou Novak Djokovic.
Pelo contrário, no circuito feminino, como várias vezes escrevi aqui, no mesmo período de tempo, produziu-se outra singularidade, ao conhecermos oito campeãs diferentes nos oito Majors de 2017 e 2018, algo que sucedeu apenas pela segunda vez na história da modalidade.
No último ano fui dando conta de como me parecia que os monstros sagrados do ténis mundial masculino continuavam a deter o poder com um punho de ferro, sobretudo nos eventos mais mediáticos, enquanto na vertente feminina parecia-me que o circuito estava órfão de uma dominadora, desde que Serena Williams parou de jogar entre Janeiro de 2017 e Março de 2018, por ter sido mãe, com várias complicações de saúde pós parto.
O súbito surgimento de Naomi Osaka, que venceu dois Majors seguidos, no US Open de 2018 e no Open da Austrália de 2019, parecia indicar o fim dessa orfandade mas, afinal, vivemos um ano em que ninguém é capaz de somar dois títulos.
A conclusão evidente é que as novas gerações estão finalmente a singrar ao mais alto nível. Não é por acaso que a WTA diz que das 13 campeãs de 2019, nove têm 24 anos ou menos. No ATP Tour, dos 19 campeões, oito têm 25 anos ou menos."
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