"Quem não sonhou em algum momento da sua vida ser um Cristiano Ronaldo, Patrícia Mamona, Telma Monteiro José Mourinho, Sérgio Conceição ou até Jorge Mendes? Estes ídolos desportivos são fontes de inspiração, quer pelo mediatismo, pelos números que os rodeiam, pela sua competência ou sucesso. De certa forma, são estes factores que promovem o interesse nas modalidades desportivas e mantêm algum romantismo nas vidas alcançadas pelos seus intérpretes.
No entanto, existe um outro lado da vida destes ídolos que é indissociável do estatuto conquistado: a visibilidade do ídolo retira privacidade, tempo social e de partilha, aumenta o crivo da crítica, aumenta a pressão social e a necessidade de manter continuamente uma “máscara” consonante com a imagem criada em seu torno. O lado negro de ser ídolo obriga-os a serem pessoas com núcleos de amigos muito restritos, de certa forma mais solitários. A vida de um ídolo não é um “conto de fadas” repleta de aspectos somente positivos.
O lado mais difícil de ser-se ídolo está provavelmente relacionado com a responsabilidade social. A responsabilidade de ser socialmente correto, demonstrar fair play, evidenciar as características associadas à ética desportiva é tanto maior quanto a sua exposição. E quando os nossos ídolos incorrem em condutas incorrectas ou suspeitas, é quando a sociedade fica em choque. Quando um herói desportivo, não cumprimenta o adversário, ou desrespeita o árbitro, ou afirma convictamente que “não gosta de perder”, quais as consequências para o comportamento dos nossos jovens desportistas, nos pátios dos recreios, no desporto escolar, ou em qualquer modalidade? É claro que o impacto no seu comportamento é modelado por estes infelizes comportamentos que não vêm qualquer punição ou reforço negativo significativo. A imagem de que vale tudo para vencer não poder ser admissível.
A aprendizagem social é alimentada pelos modelos mais significativos para o aprendiz, sejam eles especialistas próximos ou populares, cujas acções são reconhecidas pelos outros (comunicação social, pares, etc.). A teoria dos “Neurónios Espelho” sustenta também esta ideia de replicação de comportamentos. Ao observarmos o comportamento motor de alguém, estamos a “activar” a nossa região do córtex pré-motor promovendo assim a sua execução em situações ou condições semelhantes. Basta pensar na imitação dos festejos de golo do CR7, ou das “simulações” do Neymar, que neste segundo exemplo recebem igualmente a atenção dos média. O problema, é a ausência de castigo ou reforço negativo, numa qualquer acção incorrecta de um ídolo, pois poderá servir de estímulo à sua replicação por parte do seu admirador.
Temos todos o dever de enquadrar nos jovens desportistas, sobretudo nos mais influenciáveis, a moralidade e ética associado ao desportivismo, e uma postura adequada no desporto como educação para a vida. Vamos a isso, porque vale a pena: trata-se do futuro!"
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