"Guarda-redes leonino continua para as curvas e dá confiança à equipa
António Adán, 36 anos, 145 jogos disputados pelo Sporting em três épocas e meia, foi um dos escolhidos por Rúben Amorim para ser protagonista da revolução que colocou ponto final a um jejum leonino, no que dizia respeito ao Campeonato Nacional, que durava desde 2002. Grande esperança do futebol espanhol, Adán sagrou-se campeão europeu pelo país vizinho em sub-19, e esteve em mundiais de sub-17 e sub-20 pela Rojita. Produto da cantera merengue, viveu muitos anos à sombra de Iker Casillas (José Mourinho deu-lhe a titularidade quando entrou em colisão com o campeão do Mundo de 2010) e só ganhou a dimensão que o seu potencial prenunciava quando se transferiu para o Bétis de Sevilha, onde foi figura de proa em 165 jogos (2014/2018). Foi então seduzido pelo Atlético de Madrid, mas Oblak revelou-se obstáculo inamovível, e Adán decidiu-se, depois de dois anos de seca, pelo Sporting, com o assinalável sucesso que se lhe reconhece. Afinal, Bétis e Sporting equipam de verde e branco, cores que parecem ser talismã para António Adán.
A caminhar para o fim da carreira, que há muito passou o equador, Adán mantém intactas as qualidades, pese embora por vezes demore a entrar em forma, e tem a confiança do treinador e do capitão Seba Coates, com quem tem estabelecido uma parceria que se entende às mil maravilhas.
Porém, depois dos três golos sofridos em Guimarães, o tema da sua sucessão voltou a alguns fóruns sportinguistas, o que justifica uma análise fina do que sucedeu no D. Afonso Henriques. Dizia o ex-selecionador brasileiro João Saldanha, e com alguma razão, que «goleiro não ganha jogos, só perde», sentença que pode aplicar-se a Adán, muito mais vítima do que réu na cidade-berço nos golos dos Silvas. Senão, vejamos: no lance da grande-penalidade com Ricardo Mangas, não foi imprudente e fez tudo o que podia para evitar o contacto, forçado. Dos onze metros, o pontapé de Tiago Silva não lhe deu hipótese. No segundo, ia defender o remate de André Silva quando Morita desviou a trajetória do esférico. Indefensável. E no terceiro, de Dani Silva, apesar da bola ter entrado entre Adán e o primeiro poste, a curta distância a que o vimaranense estava da baliza, e a violência do remate, são suficientes para não crucificar o guarda-redes do Sporting. E depois ainda evitou o 4-2 com uma grande defesa a remate de Butzke, mantendo os leões vivos no jogo até ao apito final.
Em resumo, precisa o Sporting, neste mercado de inverno, de ir buscar um guarda-redes? Não creio, Adán continua para as curvas, e dá confiança à equipa. E no final da temporada, quando o espanhol já tiver 37 anos, justificar-se-á equacionar uma alternativa? É uma questão de ter, ou não, meios (Trubin, 22 anos, custou 10 milhões, ficando o Shakhtar com 40 por cento da mais-valia de uma futura transferência) e também vontade de fazê-lo, algo que não se vislumbrou, até agora, em Rúben Amorim. Sem que Franco Israel tenha para já conseguido impor-se, aos leões restará sempre a hipótese de procurarem no mercado outro guarda-redes experiente, que represente menos riscos. Mas, para esta época, Adán faz claramente parte da solução e não dos problemas do Sporting."
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