"O Benfica é dos sócios, o que não significa que quem prevarique não seja sancionado...
O Benfica joga hoje em Salzburgo, como já tinha acontecido em Milão, sem adeptos nas bancadas, impedidos de estar presentes pela UEFA, na sequência de incidentes em San Sebastián.
Este prejuízo, desportivo e reputacional, teve como culpados um punhado de indivíduos, que mancharam o nome do clube. Houve medidas específicas contra eles? Foram identificados? Vão poder continuar a provocar incidentes impunemente? Boas perguntas, sem resposta. A propósito da contestação verificada no Estádio da Luz a Roger Schmidt, na altura das substituições de Tengstedt e João Neves, há quem queira confundir a estrada da Beira com a beira da estrada. Os sócios e adeptos têm todo o direito de protestar, com os jogadores, com o treinador ou com o presidente, porque o clube pertence-lhes. E não têm de ouvir de Schmidt que se não vão à Luz para aplaudir, o melhor é ficarem em casa. Porém, não assiste a ninguém o direito de arremessar objetos, como sucedeu, na direção do treinador, houve limites ao protesto que foram ultrapassados, também neste caso por uma ínfima minoria.
Sendo fácil, quer através da BTV, quer por meio das câmaras da segurança do estádio, identificar quem prevaricou, foram acionadas quaisquer medidas no sentido da responsabilização, suspendendo-lhes, por exemplo, o direito de acesso à Luz, ou colocando-os sob a alçada disciplinar do clube? Boas perguntas, sem resposta. A BOLA ouviu ontem várias personalidades ligadas ao Benfica - João Alves e António Pacheco, ex-jogadores, e António Melo e Júlio Machado Vaz, adeptos - sobre se a má onda entre sócios e treinador teria solução, e a resposta chegou carregada de sabedoria: «Depende dos resultados.» Ou seja, se Salzburgo e SC Braga correrem de feição aos encarnados será uma coisa; caso contrário a crispação inevitavelmente engrossará.
No pior cenário para os benfiquistas, deve Rui Costa trocar de treinador? Se o fizer, faz mal. Schmidt tem defeitos: em muitos casos parece não ter ainda percebido a dinâmica da Liga portuguesa, é demasiado conservador nas substituições, e ainda ontem reconheceu só saber agora, «depois de um ano e meio, que o Benfica é um clube muito especial, [onde] a tolerância para um empate ou uma derrota é muita baixa»; mas também possui virtudes: advoga um futebol positivo, virado para a frente, e apresenta-se como um profissional sério e muito empenhado.
O presidente do Benfica deve, a partir de janeiro, sobretudo, equilibrar um plantel onde houve contratações que não renderam o esperado e, respeitando a soberania e a liberdade dos sócios para o aplauso e para o assobio, impor sanções aos comportamentos inaceitáveis, para que por uns não paguem todos."
José Manuel Delgado, in A Bola
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