"Luís aventurou-se para conseguir ver um jogo do seu Clube favorito
Quando somos crianças, a nossa devoção pelo futebol impele-nos a extrair o máximo de informação sobre o tema. As horas que nos dedicamos são infinitas. Acompanhamos todos os encontros da nossa equipa favorita, seja pela rádio ou pela televisão, e, no dia seguinte, ainda lemos as crónicas do jogo nos jornais. Conhecemos todos os jogadores do plantel ao pormenor! O sonho de vermos os nossos ídolos de perto aumenta a cada dia.
Em Janeiro de 1966, Luís Pereira de Abreu era um desses meninos, encantado pelos feitos do seu Benfica, tanto em Portugal quanto na Europa. Nas vésperas de um Benfica - FC Porto, a sua ansiedade aumentava de forma exacerbada. Durante dias, assolava-o o mesmo desejo: 'assistir ao jogo ao vivo'. Mas eram muitos os entraves para que o conseguisse realizar, tinha apenas 12 anos, e morava na Madeira. Um oceano separava-o do seu sonho!
Destemido, fez dos receios força. E lançou-se numa aventura. 'Engendrou a maneira que melhor lhe pareceu para atingir o desejado fim. (...) Ocultou-se numa baleeira a bordo do Moçambique e aguardou a sua sorte'. Já em alto-mar, confiante de que o seu plano tinha sido bem-sucedido, resolveu dar uma volta pelo convés.
Quando menos esperava, foi 'descoberto por um tripulante e levado à presença do comandante, na qualidade de passageiro clandestino'. O sonho acabava de ruir como se de um castelo de cartas se tratasse. A tristeza transparecia no seu semblante.
Entregue na sede da Polícia Marítima, Luís tentou um último esforço: 'Quero ir ver jogar o Benfica, depois volto para casa.' Com um plano tão arquitetado e a faltar poucos quilómetros para o alcançar, os agentes foram compreensivos e deixaram-no ir assistir à partida. Nas bancadas do Estádio da Luz, Luís presenciou Eusébio a ser homenageado pelo Direção do Clube por ter sido considerado o melhor jogador europeu de 1965, sendo-lhe oferecida uma jarra de prata. O avançado retribuiu a homenagem com dois golos na primeira parte. No segundo tempo, Torres fixou o triunfo benfiquista em 3-1.
No final do encontro, Luís era um dos milhares de adeptos, eufóricos, que celebraram a vitória do Benfica. Certamente, não deu por mal empregado todo o esforço para ver o clube do seu coração.
Os adeptos são essenciais para o sucesso de um clube. Saiba mais sobre o tributo aos sócios encarnados na área 16 - Outros Voos, do Museu Benfica - Cosme Damiao."
António Pinto, in O Benfica
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