"Portugal está no Europeu e de parabéns. Será a 11.ª presença consecutiva em fases finais, se excluirmos Confederações e Liga das Nações. É o resultado do trabalho e da competência: na formação de talentos nos clubes e consequente aproveitamento pela Federação, na gestão dos seleccionadores, cada um com os seus méritos (e defeitos), e nos muitos jogadores que ajudaram a Selecção a projectar-se até ser, de forma consolidada, uma das melhores a nível planetário. Se compararmos com 1984 e 1986, ganharam-se metros no ataque, graças a sucessivas injecções de talento, à experiência adquirida com a sua exportação massiva e a uma mentalidade ganhadora. O ponto mais alto continua a ser o Euro-2016 e, se fizerem questão, uma Liga das Nações que ninguém sabe ainda muito bem o que vale.
Depois dos elogios, é preciso não perder o sentido crítico. O campeão em título Portugal foi segundo, atrás de uma Ucrânia em renovação, e sofreu no Luxemburgo até garantir o bilhete. Se o ponto de partida para o Europeu é atrás de uma selecção ucraniana, é preciso ligar desde já todos os alertas, por muito que o trabalho de Shevchenko seja motivo de aplauso. Mais ainda se for confirmada a provável queda da Selecção para o pote 3 do sorteio, consequência da sofrível fase de qualificação e que colocará tubarões no caminho logo na fase de grupos. Fernando Santos teria assim a oportunidade de provar o que tem dito sempre que lhe falam da felicidade do calendário em França: que gosta de defrontar é as grandes selecções.
Mais preocupante é o errático fio de jogo da equipa, que as individualidades têm atenuado, e o abuso do jogo vertical. Portugal não joga bonito, mas também não joga bem. Conceitos que o seleccionador confunde. Dificilmente fará um grande Europeu sem jogar bem, e pode bem fazê-lo sem jogar bonito."
Luís Mateus, in A Bola
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