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sexta-feira, 23 de novembro de 2018

«Pep Guardiola, amo-te»

"Para desmanchar já eventuais equívocos, esclareço que o autor da frase em título não é este que vos escreve.
Não que haja algum mal nisso, como diria Jerry Seinfeld. O amor entre humanos é uma via de dois sentidos e na minha consciência não há sinais de proibição.
Bom, na verdade, o título deste Chuteiras Pretas foi disparado por um grito, já há alguns anos, no Bonaparte, casa obrigatória para quem gosta de cerveja e conversa boa, ali na Foz do Douro.
O Barcelona de Guardiola acabara de esmagar o Real Madrid por 5-0, Novembro de 2010. Na mesa ao lado, um puto de 20/25 anos levantou-se a esbracejar e prometeu amor eterno, uma casa e uma família ao criador do tiki taka catalão.
Por esses dias, Pep ainda era para mim uma fonte de fascínio de fiabilidade duvidosa. Numa equipa com Xavi, Iniesta e Messi parecia-me mais simples, e até mais sensato, gritar «Leo Messi, amo-te» ou «Xavi, quero um filho teu».
Informo os incautos que não sei se alguém já decretou publicamente estas paixões, mas reclamo aqui e agora a minha inocência.
Recupero o episódio no pub mais alemão da cidade do Porto porque acabei de ver o documentário All or Nothing. E as imagens de Guardiola no balneário/banco de suplentes/sala de reuniões não me saem da cabeça.
Guardiola é tudo o que um líder e um treinador de futebol devem ser. Tem um discurso cativante, olha os jogadores nos olhos, transporta emoção e sabedoria. Bebe o jogo num trago e nunca está satisfeito.
O catalão é a materialização moderna e definitiva do treinador-modelo. O homem que desenha uma ideia e replica-a no relvado, letra por letra, linha por linha. Não é isso, afinal, o que se espera de um técnico? Obrigar as equipas a jogar da forma como ele pretende. Parece simples.
É o melhor do mundo? Seguramente. Wenger foi um coito interrompido no Arsenal; Mourinho é um monstro gasto pelas suas guerras interiores; Klopp é o rock n’roll tocado numa nota ao lado; Pochettino foi capaz de perder um campeonato para o Leicester; Allegri é um Conte 2.0; Simeone é um durão sem a harpa dos sorrisos; Sarri é só uma boa ideia pensada num cigarro no canto da boca e um copo de whisky quase vazio.
Por isso, sim. O rapaz do «Pep Guardiola, amo-te» é que estava certo e eu era só mais um ridículo incrédulo.
Pep nunca terá o meu amor, porque esse está reservado para a minha esposa Catarina, os meus bebés Ema e Santiago, e os meus pais. Mas terá eternamente a minha profunda admiração desportiva.
Só ele poderia chegar a Inglaterra e tornar os brutos carregadores de menires em polidores de diamantes.

PS1: imagino Guardiola em Portugal. O que conseguiria Pep ao volante deste FC Porto? Não seria fácil fazer melhor do que Sérgio Conceição, extrair tanto do plantel azul e branco.
E no Benfica? Faria definitivamente melhor do que Rui Vitória. Não me esqueço de uma conversa com um antigo adjunto do ribatejano, já há uns anos. Confidenciou-me que Vitória era o treinador mais competente e conciliador que conhecera dentro do balneário, nas palestras motivacionais. E o pior no trabalho de campo, nas definições estratégias e nas reacções ‘ao minuto’ no banco de suplentes. Talvez isto explique o actual Benfica.
Já agora, e neste Sporting? Ninguém pode ter uma boa resposta a esta questão."

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