"Não sei se já vos disse, mas não gosto de touradas. E não é coisa nova, fruto do politicamente correcto deste século. É coisa que não aprecio desde criança. Sim, pelos direitos dos animais, que me merecem todo o respeito. Não tiro qualquer prazer de ver um boi a ser espetado com bandarilhas e a sangrar abundantemente no meio de uma arena, esgotado, confuso, indignado com a sua sorte, por mais razões culturais a favor que me possam apresentar. Nem dou espaço a discussões sobre isso. Para mim, não dá. No universo das touradas, consigo respeitar a coragem dos forcados, apesar de serem oito contra um. Tudo o resto - cavaleiros e matadores - faz-me confusão e não gostaria que continuasse a acontecer.
Mas há uma coisa que eu adora nas touradas - o folclore. Gosto da estética dos marialvas com patilhas, dos bonés axadrezados de ir à caça, gosto do brilho das lantejoulas dos toureiros e das madeixas das aficionadas nas bancadas, gosto dos ramos de flores atirados para o recinto mas, acima de tudo, do que eu gosto mesmo é da música e dos olés. Um paso doble será sempre um paso doble, independentemente da conotação negativa da tourada. E quando é tocado como provocação a quem nunca nos respeitou, ainda sabe melhor. Já sei que os bem-pensantes não se reveem na música que tocou no final do clássico, mas eu continuo a achar que é bem mais simpático do que agredir gente nos túneis, cuspir em presidentes de outros clubes, atacar stewards ou ter um adepto da casa a bater num internacional português da equipa adversária. Olé!"
Ricardo Santos, in O Benfica
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