" ‘Sexismo’ tem sido uma palavra muito utilizada nos últimos tempos no mundo do desporto. Basta recordarmo-nos dos dados da FIFA sobre o número de casos de assédio contabilizados com agentes desportivos durante o último Mundial: segundo este organismo, registaram-se cerca de 30 incidentes, mas admite-se que muitos mais terão existido.
Será que este tipo de comportamentos é reflexo dos valores da sociedade actual? Será que no século XXI e a liberdade só veio para o ‘outro’ e não para nós?
Escrevo sobre este assunto a propósito da suspensão de três meses aplicada pelo Conselho de Disciplina (CD) e que deve ser analisada por nós. Não pelo castigo, mas pelo que leva alguém com anos de futebol e, ainda mais caricato, ligado ao futebol feminino a ter uma atitude sexista.
A forma leviana como provocou a árbitra, dizendo-lhe que devia estar em casa a lavar a loiça, é descriminação. Atitudes destas continuam a existir por esses campos fora, o que já é de lamentar, e as árbitras devem sempre mencioná-las nos relatórios. O pior é que tais comentários sejam de um condutor de jovens, de alguém que tem a missão de ser um exemplo e ensiná-los a ser melhores homens e mulheres.
Não nos cabe a nós dizer se o castigo foi justo ou não; cabe-nos contribuir para denunciar estas atitudes que nos devem envergonhar, pois nunca sabemos se um dia não é uma filha nossa a desempenhar essas funções, sendo assediada ou descriminada desta forma. Todos temos direitos elementares, mas tem de haver limites para todos.
Nota: de salientar a postura de fair play e respeito que José Gomes, treinador do Rio Ave, teve no passado domingo depois de ter sido expulso no jogo com o Sp. Braga. Fez um pedido de desculpa aos 110 jovens árbitros que tinham o tinham estado a ouvir na véspera a falar dos exemplos e posturas dos árbitros. Um gesto nobre – e infelizmente tão raro – que nunca é de mais divulgar."
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