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sexta-feira, 13 de julho de 2018

Está a chegar ao fim

"Falta pouco. Estamos já a 48 horas de saber quem será o campeão do mundo de 2018 e tanto França como Croácia têm jogo suficiente para merecer o troféu. Admiro o crescimento dos gauleses, que tacticamente tornaram-se quase irrepreensíveis, e valorizo muito o andamento da selecção de Dalic, que já jogaram prolongamentos até dizer chega.
Dos croatas, sublinho a classe e a omnipresença de Luka Modric. Com aquele nível técnico, vestindo aquela camisola, só tinha visto Robert Prosinecki. As amostras da parte inicial dos jogos contra a Nigéria e contra a Rússia demonstraram as fragilidades que a Croácia manifesta por ter apenas Modric e Rakitic a gerir o eixo do meio-campo. Sem Brozovic como terceiro homem no meio, a Croácia preenche mal a cobertura e a elaboração.
A melhor Croácia tem os dois sprinters Perisic e Rebic em simultâneo, mas também necessita da composição de três médios. Essa configuração, com Brozovic a pivô recuado, permite que Modric e Rakitic se adiantem nas zonas de pressão para mais perto de Mandzukic. Aliás, esse detalhe foi fundamental para obrigar Argentina e Inglaterra a jogar mais longo do que o desejável nos planos de Sampaoli e de Southgate. Ao mesmo tempo, reparamos como Kramaric não se adapta ao papel de segundo-avançado e era incapaz de fornecer apoio frontal aos dois médios-centro – dificuldade verificada na primeira parte contra os nigerianos e no começo contra o moralizado exército de Cherchesov.
Em nome da optimização dos axadrezados, conto ver a retoma dos três médios-centro, seguindo a linha da semi-final com a Inglaterra. Porém, a França é o adversário mais completo que a Croácia apanhou pela frente. Deschamps afinou aquilo que tinha para afinar no decurso da campanha e apostou em Giroud a partir da segunda parte frente à Austrália. A França deu o salto. É o ponta de lança do Chelsea que melhor faculta tabelas, potenciando a chegada vertiginosa de Mbappé ou as desmarcações surpreendentes de Griezmann. Parte do segredo está nessa função invisível de Giroud que sabe como prender os defesas-centrais oponentes, contando que Griezmann, à imagem do que faz no Atlético de Madrid na cooperação com Diego Costa, se movimente bastante em toda a largura da zona ofensiva, pedindo a bola em áreas mais recuadas do campo. Griezmann é o melhor elo de ligação da equipa quando estabelece elaboração perto de Pogba, Kanté e Matuidi. É nesse momento que o ataque francês ganha uma velocidade diferente, havendo capacidade dos três médios para agirem em modos distintos: Kanté no transporte, Pogba no drible e passe longo, Matuidi na rotura. 
Outro truque está na maior estabilização geral fornecida por Lucas e Pavard nas laterais, em contraste com o estilo mais galvanizante e aventureiro de Mendy e Sidibé, respectivamente. Lucas e Pavard não foram utilizados na qualificação, são defesas-centrais de génese, mas comportam-se irrepreensivelmente nas laterais, gerindo o momento certo de apoio ofensivo e também o de protecção da linha mais recuada com mais firmeza.
Imagino Mbappé a dar muitos problemas a Strinic/Pivaric, bem como a Vida. Mas a Croácia tem meio-campo para reter ou lançar com qualidade. Evitar confrontos com Kanté será o caminho certo para os balcânicos aguentarem a posse de bola, ao mesmo tempo que Perisic também impõe respeito a Pavard e que Brozovic estará preocupado com as deambulações de Griezmann no seu raio de acção. 
A França é mais equipa do que era há dois anos na final contra Portugal e a Croácia está, pelo menos, ao mesmo nível da geração semi-finalista de 1998, quando caíram aos pés de Lilian Thuram."

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