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segunda-feira, 2 de abril de 2018

De letra e (sem) cabeça

"O fantástico passe de Jiménez para o golo de Jonas; a cabeça que Raul Silva tem a BdC por vezes não tem; a pechincha André Horta.

Foi de letra. De A a Z. De certeza, uma das tradicionais 23 do abecedário português. Aposto numa letra redonda, tal e curva percorrida pelo bola. Ou seja, um C. Nunca um O porque a bola não é boomerangável. Foi, mas não voltou. Há quem aposte, porém, num G, dado que o pé direito passou por trás do esquerdo. Os menos poéticos dirão que foi um I: recta para o golo. Não parece crível. Uma letra daquelas não pode ser I. Ou L. Ou T. Tem de ter poesia associada. O que só se consegue com curvas e eventual soma de rectas. Foi letra tão bela e arrebatadora que, à primeira vista, poderia parecer um 8. Tipo: foi, voltou e foi de novo. O 8 é uma espécie de O gado. Que hesita e se repete. O N e o M também são letras gagas. Mas em rasgo. Rectas e nada mais. Também poderia, eventualmente, ser um S. Mas foi letra de pé direito, não de esquerdo. Logo, o S fica de fora. Também poderia ser um J ao contrário. Que roda o seu próprio eixo e se coloca, então sim, à disposição do mandante da letra. Claro que é um J. A letra de Jiménez. E Jonas.

Foi de cabeça. Sem ponta de cabelo, crânio redondinho como bola de bilhar, talvez com gillette passada antes do início do jogo, Raul Silva desviou a bola para o fundo da baliza de Patrício. Há a alopécia de Collina, a careca luzidia de Ronaldo Nazário e há agora a cabeça-bola-de-bilhar do central. Foi ela que deu mais uma tremenda dor de cabeça a Jesus. O título é miragem. Quem não tem cabeça arrisca-se a ser derrotado por quem a possui. O SC Braga teve a cabeça de Raul Silva, o Sporting (não) teve a cabeça de Bruno de Carvalho. BdC abriu a boca contra os adeptos: o Sporting perdeu no Estoril. BdC abriu a boca contra Salvador: o Sporting perdeu em Braga. Coincidências, claro está, como diria a inefável Margarida Ribeiro Pinto. A culpa da instabilidade é de Jesus, Patrício, Piccini ou Mathieu. Nunca de BdC.

Foi (sem) cabeça. Há negócios que a razão desconhecerá. Falamos (claro) de André Horta. Não estivéssemos a pouco mais de dois meses do início do Mundial-2018, andássemos apenas pelo inicio de época, ainda por Agosto ou Setembro, e seria fácil apontar o nome do bracarense como candidato aos 23 finais de Fernando Santos. Está muito melhor que Adrien. Ou André Gomes. Mais fresco, mais intenso, mais forte. Mas os negócios que a razão desconhecerá não nascem na Selecção Nacional. Nascem no Benfica. Como é possível que um médio com a dinâmica, a capacidade de remate e a intensidade de André Horta tenha sido cedido ao SC Braga? Se pensarmos apenas no lado desportivo, é incompreensível. Seis milhões de euros pela transferência para os EUA é uma pechincha. E um péssimo negócio."

Rogério Azevedo, in A Bola

1 comentário:

  1. ...afinal,o Benfica,tem neste rogerio Azevedo um visionário do negócio,e anda a apostar num Domingos qualquer....que filho da puta!!!!ó Rogério,e que tal ladrares um pouco na astronómica tranferencia(compra)que o fêquêpê fez por esse colosso mundial vindo do atl-madrid,para aquecer o banco!!!???sabem de quem estou a falar!!!(Afonso

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