"Importa, por isso, que o poder do nosso futebol se assuma. Exerça-o de vontade e com elas as necessárias e determinantes influência e autoridade.
1. Na próxima sexta-feira, num Estádio do Dragão já esgotado, disputa-se mais um Futebol Clube do Porto - Benfica. Vamos viver, até lá, mais disputas verbais e com algumas vozes que estavam caladas nos últimos tempos a darem, naturalmente, sinais de vida. De longa vida. Que importa vivamente saudar. Mas no momento em que o árbitro já designado apitar para o arranque do jogo já saberemos em que grupo do Mundial se integra a nossa selecção. Terá sido no conjunto arquitectónico central de Moscovo, no coração da Rússia e da sua grandeza - Kremlin - que decorrerá o sorteio do próximo Mundial. Naquele casco histórico, na confluência dos rios Moscova e Neglinnaia, saberemos que selecções encontraremos na fase de grupos e Fernando Santos e a sua coesa equipa técnica terão alguns meses para estudar, com todo o pormenor possível, as selecções que teremos que ultrapassar para chegarmos, como esperamos, à fase seguinte destas marcante competição. É, assim, a partir do centro ideológico, político e cultural que conhecemos como o Kremlin, que no nosso emblemático Primeiro de Dezembro arranca mais uma consecutiva presença portuguesa numa fase final de uma competição internacional de futebol. E sabendo todos que a nossa Federação, com a legitimidade e a autoridade que resultam de ser a campeã europeia, estará numa posição de força - e, logo, de não necessidade - para os contratos de patrocínio que necessariamente está(rá) a negociar. E com a consciência que alguns deles em razão do Mundial do Qatar se realizar no Inverno de 2022 terão, porventura, uma duração de seis anos. Mas será uma sexta-feira em que de Moscovo ao Porto o futebol dominará, ainda mais, a agenda mediática portuguesa. Com a óbvia disputa de audiências nos diferentes canais televisivos, cada vez mais tremidos financeiramente em razão da escassez de publicidade que lhes é destinada. E, também nesta sede, há muito que reflectir em Portugal e, em particular, seria útil que o Ministro da Cultura - sim é este o Ministro competente! - não esquecesse as suas efectivas responsabilidades no apoio - e à sobrevivência! - dos meios de comunicação sociais em Portugal. E já agora dos verdadeiramente portugueses meios de comunicação social. Talvez no meio de tanta reflexão acerca da cultura houvesse um tempo para esta urgente ponderação e esta imperiosa reflexão!
2. Desculpem os meus queridos leitores - a começar pelo meu Amigo Babá que, criticamente na simpática e atractiva Pimentinha ou após a degustação este sábado do fantástico cozido à portuguesa no Riviera na Ericeira! - mas o que se sente no futebol português é quase que uma desconsideração contínua. Apesar do forte esforço, que vivamente se louva e saúda, do Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Doutor Fernando Gomes. Parece, por exemplo, que os árbitros - e as suas duas estruturas, ou seja, o Conselho de Arbitragem e a sua organização específica, a APAF - podem esconder patrocínios sem perceber que há contratos que estão vigentes e devem ser cumpridos. E discriminando a ocultação das respectivas camisolas e outras relevantes empresas - como a REMAX - não são tapadas. É o apagão da Liga NOS e num ápice. E esta quase que autogestão arbitral, o que suscita e implica é, de verdade, um conflito indirecto com a Liga. Aqui não houve vinte dias de avaliação. Aqui houve apagão, ponto! Pronto! Não sei o que fará a administração da NOS. Nem os clubes que celebraram importantes contratos com esta empresa. O que sabemos é que não houve, aqui, pausa para avaliação de comportamentos e que levou, em outras situações, o sector da arbitragem e não concretizar este fim de semana e denominada paralisação ou, em rigor, a pré-anunciada semântica greve. Que, de verdade, a acontecer será sempre depois de 1 de Dezembro. E, porventura, antes do dia de Reis de 2018! Importa, por isso, que o poder do nosso futebol se assuma. Exerça-o de verdade e com ele as necessárias, conexas e determinantes influência e autoridade. E, aqui, o que se exige é um mínimo de decência. Ou o respeito pelo homem comum que, mesmo sendo apaixonado pelo seu clube, sabe a sua modesta e racional condição humana e sabe limitar a sua natural ambição de conquista. O que estranho é que o concreto poder político não assuma as suas responsabilidades e que os partidos políticos com expressão parlamentar - pelo menos estes! - fiquem totalmente indiferentes no ambiente em que vive o futebol explosivo. Sabendo nós também que, por vezes, e na linha de Blaise Pascal, «uma indiferença pacífica é a mais valia das virtudes»! Por vezes...
3. Acredito que o espírito que agregou o denominado G-15 foi um espírito de afirmação e de busca de autonomia de determinados emblemas e SAD's. Mas não tinha dúvidas que o inicial G-15 seria perturbado por outros poderes relevantes do futebol português. Percebe-se que a vontade de presença de alguns se transformaria em ausência forçosamente justificada. Mas cumprimento a vontade, entre outros, de António Salvador e a sua determinação. Mas também se sublinha, e evidencia, que grande parte dos pontos suscitados - ou a suscitar em próxima reunião - legitimam o pedido de convocação de uma assembleia extraordinária da Liga de clubes para apreciação das questões e, porventura, para discussão e votação das propostas genericamente apresentadas. Ou, pelo menos, de algumas delas. Que significam em relação e alguns clubes uma substancial evolução em relação a posições recentemente assumidas acerca de matérias semelhantes na mesma Liga. Por mim até diria ao Presidente da Liga para pegar no pacote das propostas / sugestões divulgadas e, para além de as apreciar em reunião urgente da sua Direcção - onde tem presença um vice-presidente da Federação! - solicitar, ele próprio, uma Assembleia Geral extraordinária para apreciação desta iniciativa de alguns dos seus associados e delimitação dos procedimentos a adoptar. Mesmo que, afinal ou no final a maioria dos clubes da Liga entendessem criar mais um grupo de reflexão na linha do que ocorre em certas matérias escaldantes da governação.
4. O Benfica tem de vencer hoje, na noite deste domingo, com clareza e se possível com largos momentos de nota artística, o Vitória de Setúbal. Depois do bem duro afastamento das competições europeias este Benfica tem de se concentrar em todas - sim em todas! - competições domésticas. Da Liga NOS às duas Taças, a de Portugal e a da Liga. E sabe bem que tem um mês de Dezembro de diferentes finais. A primeira é na próxima sexta feira. No Dragão. E como há largos séculos dizia Marco Cícero «quanto maiores são as dificuldades a vencer, mais é a satisfação»!
5. A cláusula de rescisão do mais uma vez premiado Messi subiu para 700 milhões de euros! Puxa... que loucura!"
Fernando Seara, in A Bola
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