"Nelson Évora foi, ontem, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, sexto na final do triplo salto com 17,03m, o seu melhor resultado do ano. Na véspera, Susana Costa fora 9.ª na final feminina da mesma prova, enquanto Patrícia Mamona conseguiu um novo recorde nacional (14,65 m) e alcançava um há um par de anos inimaginável, sexto lugar, a escassos nove centímetros do pódio.
Este é o atletismo português na segunda década do século XX. Um atletismo em que as disciplinas técnicas paulatinamente foram conquistando os louros do êxito e aparecem hoje como os grandes impulsionadores da modalidade.
Isto apesar de muitas pistas, fundamentais sobretudo para o progresso, continuarem a não ter o apetrechamento necessário para servirem cabalmente para a função que foram construídas. Mas é este atletismo que hoje, com técnicos bem apetrechados e dedicados, consegue fazer milagres.
Faço parte de uma geração que se habituou a ter como referência do desporto nacional os fantásticos resultados que os atletas do meio fundo iam conseguindo internacionalmente. Assim como hoje, após a consagração do futebol nacional no recente Campeonato da Europa, é gratificante ouvir, além-fronteiras, palavras de admiração pelo feito conseguido, também nas duas últimas décadas do pretérito século o atletismo nacional era reconhecido, em qualquer canto do mundo, como um dos baluartes do meio fundo e fundo internacionais.
Mas o paradigma mudou. Deixámos de ser uma referência do meio fundo e fundo mas conseguimos espraiar-nos, com nível, pelo todo da modalidade. Não somos, ainda, um país referência para saltadores, mas temos um conjunto de atletas e técnicos de todo mundial.
Termino hoje com as palavras que permitiram a Nelson Évora sonhar com a, tal, medalha que, desta feita, ficou a uns centímetros: Quem não acredita está morto!"
Carlos Cardoso, in A Bola
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