"Não creio em bruxas que lançam feitiços para que alguns homens e mulheres sejam campeões olímpicos, pero acredito que há diferentes formas de chegar a uma das poucas medalhas olímpicas de cada desporto. Acredito que: países com poucas razões para orgulho social, cultural ou científico, o substituíam pelos pódios desportivos; dirigentes de boa vontade, que chegam a níveis de responsabilidade sem conhecimentos suficientes para elaborarem, ou discutirem, projectos - no mínimo - quadrienais; atletas e treinadores que se hipervalorizam, confundindo esforço com rendimento e mais de tudo, que existam países que não planeiam para um ou dois ciclos olímpicos, quantificando objectivos de percurso e, explicando depois, as razões de sucessos e insucessos.
Também não creio que apenas subam ao pódio atletas com particulares capacidades morfológicas, psicológicas, rácicas, de origem social ou de países grandes, ricos e em paz. Conhecemos a história de campeões nascidos com problemas físicos e/ou meios desfavoráveis que vencem os dos ditos países. Particularmente, quando integrados em inteligentes planeamentos (nacionais ou pessoais) atingindo elevados níveis de rendimento. Se não, como poderia orgulhar-se dos nossos portugueses medalhados? Ou dos que melhoraram recordes, chegam a lugares de destaque e dão o seu melhor? Frase que, confesso, detesto, porque não creio que se vá a uns JO - final de ciclo de preparação - sem essa intenção.
E como não creio em bruxas, também não acredito em sorte e em azar senão em casos particulares: ter num primeiro sorteio, ou jogo, alguém de nível muito superior, lesionar-se em cima da hora e casos deste jaez. Os SES, devidos a erros técnicos ou tácticos, fazem parte da competição. Podem ter acontecido a muitos atletas, que ficaram à frente ou atrás dos queixosos. Sabemos lá os ses de todos! Fadas e bruxas não existem mas estas e outras razões são verdades que, algumas vezes, a mim própria custam a admitir."
Jenny Candeias, in A Bola
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