"Tal e qual os dias que precederam o jogo com a debutante Islândia (que não soubemos vencer, mas nada compromete), lá vem mais uma carga pesada de nadas ou quase nadas para preencher doentiamente todos os interstícios entre os jogos. Se esta apoplexia (não) noticiosa até se pode entender nos meios de comunicação social escritos ou televisivos focados no desporto, é de todo incompreensível nos restantes.
Um grande humorista brasileiro, Millôr Fernandes, chegou a caricaturar este exagero: «o futebol é o ópio do povo e o narcotráfico dos media». Bem sei que o que escrevo agora é, por demais, politicamente incorrecto, sobretudo para quem confunde patriotismo e amor por Portugal com patriotice idiota e alienante. Tenho falado com muita e diversificada gente que gosta de futebol como eu, mas que suspira por um canalzinho televisivo que não esteja horas sobre horas a falar dos treinos, dos penteados, dos autocarros, das brincadeiras, das coxas e joelhos, das horas de sono, das comidas e muito mais.
Dizem-me que é a guerra das audiências. Mas este tudo-à-volta-do-futebol-vertente-pimba será assim tão do agrado da generalidade das pessoas? Não creio. O que acontece é que não há alternativa para quem tem o televisor como companhia quase única e aditiva. Há mesmo canais que, aparentemente distorcendo a licença de emissão concedida, se transformaram em ofertantes de jogos e joguinhos estimulantes, como, por exemplo, um Venezuela-Jamaica ou um Equador-Haiti, não faltando a repetição para quem mão pôde trocar horas de sono pelo espectáculo em directo e de madrugada. Valha-nos Deus!"
Bagão Félix, in A Bola
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