"Depois de ter perdido por 0-1 na primeira mão em Munique (e o Bayern há 33 anos que não é eliminado depois de arrecadar, em casa, essa vantagem) o Benfica enfrentou o jogo de volta, na Luz, penalizado pela ausência de três titulares de referência, Gaitán, o melhor jogador encarnado e a dupla atacante maravilha, formada por Jonas e Mitroglou (48 golos na Liga portuguesa). Defrontando uma equipa que se deu ao luxo de fazer entrar, ao longo da partida, Lewandowski e Gotze, a sorte do Benfica parecia semelhante à da pescada, que antes de o ser já o era. Porém, apesar de não ter conseguido aceder às meias-finais da Champions (que diabo, o Bayern é superior!), o Benfica saiu de cabeça bem erguida da prova e teve a satisfação de ter sido embalado pelo canto dos adeptos na ponta final da partida, um «Tu és o meu amor, Benfica» que soou ao mítico «You'll never walk alone», inscrito em ferro forjado nos portões de Anfield, que os adeptos do Liverpool dedicam aos reds nos bons e maus momentos.
Creio, com a mesma veemência com que assumi, depois de Munique, que o Bayern tinha goleado o Benfica por 1-0 (vantagem da equipa mais apetrechada sem ter sofrido golos), que desta feita, na Luz, o Benfica ganhou por 2-2. Os jogadores em risco (Gaitán e Mitroglou) foram salvaguardados, os que foram chamados ao palco bateram-se como gigantes e o elo entre jogadores e adeptos, fundamental para a reta final do campeonato, saiu muito reforçado.
E será que o Benfica podia ter eliminado o Bayern? Tinha algumas hipóteses, poucas. Precisava, e não teve, que a estrelinha da sorte tivesse brilhado com outra intensidade, por exemplo quando, logo aos dois minutos, o livre de Eliseu foi desviado para fora da baliza e não para dentro; ou, aos 30 minutos, quando Jiménez teve o 2-0 nos pés e o remate saiu com pouca força, fácil para Neuer.
Feitas as contas, o Bayern passou com mérito. E ao Benfica descobriram-se méritos desconhecidos."
José Manuel Delgado, in A Bola
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