"Quem me lê já há alguns anos sabe que estou sempre do lado da polícia quando a opção que se põe é entre a ordem e a desordem públicas. E nos últimos tempos, talvez por ser fã da série “Cops”, ganhei ainda maior admiração pelo trabalho daqueles que defendem o primado da lei e zelam pela tranquilidade dos cidadãos. Apesar da gritante escassez de meios com que os nossos agentes se debatem – e até os norte-americanos, pode parecer mentira mas é verdade.
Acontece que vivi o suficiente no período anterior ao 25 de Abril para entender que o uso da força só é aceitável se for feito na proporção justificada pelas situações. O que quer dizer que já não sou a favor das cargas de pancadaria dirigidas não a baderneiros ou rufias profissionais mas a pessoas que se manifestam sem violência e por motivos razoáveis. E menos compreendo que para se imobilizar um adepto que entra indevidamente no terreno de jogo para festejar um golo, uma vitória ou um título lhe caiam em cima meia dúzia de “armários”, que o tratam como o mais perigoso dos criminosos.
Creio que terá sido o que passou pela cabeça de Jorge Jesus, em Guimarães, quando viu o excesso de zelo e a desnecessária agressividade que estavam a ser colocados na detenção de um benfiquista que pretendia apenas ficar com uma camisola. Exagerou, é verdade, mas não agrediu. Tentou simplesmente afastar, sem contenção embora, os braços dos agentes que dominavam o homem à bruta. Crime de agressão? Acusação absurda que juiz algum no Mundo ratificará. Crime de desobediência, certamente. Atitude reprovável, sem dúvida. Mas nada mais do que isso, pelo que se exige que tanto a justiça desportiva como a civil actuem agora com a conta, o peso e a medida que por vezes falta à PSP.
Uma breve referência ao triste incidente do Estoril, que envolveu dirigentes do FC Porto e o presidente da Associação de Futebol de Lisboa. Se alguém agrediu alguém, deverá pagar por isso, mas eu, depois de ouvir o discurso de “repúdio” de Nuno Lobo, durante uma jantarada, sinto-me esclarecido. A necessidade de auto-afirmação leva certas pessoas a perderem a noção do ridículo."
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