"A recente tentativa de alargamento do número de clubes nos Campeonatos profissionais demonstra bem a falta de senso que grassa no Futebol Português, e em muitos dos seus agentes. Num país em crise, numa indústria que faz das tripas coração para reinventar fontes de receita cada vez mais escassas, ponderar sequer a ideia de um alargamento parece-me algo que toca as fronteiras do surrealismo. Por mim, há muito que defendo justamente o contrário: uma forte redução, porventura para apenas dez equipas, e um Campeonato a quatro voltas, com competitividade acrescida e menos bocas para alimentar.
O presidente do sindicato dos jogadores garante que mais de metade dos clubes mantêm salários em atraso. E o mais estranho é que sejam justamente esses clubes (pelo menos, é o que parece) a defender um alargamento que iria necessariamente fazer crescer essa chaga. Trata-se de uma questão aritmética, que nem uma criança terá dificuldade em perceber.
De igual modo me provoca o maior repúdio a ideia de os principais clubes serem obrigados a partilhar as suas receitas com aqueles que, sem adeptos nem audiência, as não conseguem criar. O conceito de solidariedade faz todo o sentido quando está em causa a economia de um País, as famílias, as empresas e o emprego. Em Futebol - que é um negócio de paixões e afectos, predominantemente lúdico - é totalmente absurdo falar-se de solidariedade. Quem tem adeptos, movimenta multidões e gera receitas, não pode ser penalizado por isso. E quem vive artificialmente a custa de generosas subvenções autárquicas, ou, pior ainda, do incumprimento das obrigações que assume, e espera pelas esmolas de terceiros, não tem lugar no Futebol que idealizo.
Sobram poucos? É verdade. Talvez apenas os tais dez de que falo. É essa a realidade do nosso País, da nossa economia, e da nossa geografia. Querer subvertê-la à força, e à custa da competitividade internacional dos emblemas que verdadeiramente apaixonam o povo, é um prato que não devemos estar dispostos a aceitar."
Luís Fialho, in O Benfica
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