"1. O Regime Jurídico das Federações Desportivas dotadas de Utilidade Pública Desportiva consagrou o regime geral de um delegado/um voto e estabeleceu, através dos Estatutos de cada Federação, os procedimentos conducentes à designação do conjunto dos delegados eleitos a par daqueles que, por inerência, e em razão de serem sócios ordinários, integram a mesma Assembleia Geral. Sabemos que o voto é secreto, sob pena da sua nulidade. E sabemos que cada delegado eleito tem o direito de fazer, no silêncio da sua consciência, a sua opção face às efectivas candidaturas que lhe são presentes. Escuto, nos últimos tempos, declarações de algumas personalidades do futebol português, que nem são delegados eleitos, e que se pronunciam como se fossem titulares do poder originário do futebol português. O que o Regime Jurídico em vigor - e cuja alteração já foi anunciada para momento posterior aos Jogos Olímpicos de Londres do próximo ano - quis consagrar foi o princípio da responsabilidade pessoal. O que alguns querem retomar é o voto por procuração ou o voto por solidariedade. Também, nesta sede, valem, com as necessárias adaptações, as declarações de Jorge Jesus acerca da política, dos políticos e da crise de representatividade. É que o futebol, mesmo que alguns o não entendam ou não o queiram entender, é mesmo um verdadeiro teatro de vidas!
2. (...)
3. Todos percebemos a grave crise económica e financeira que nos atinge, perturba e condiciona. Porventura, o Conselho Europeu de hoje não será conclusivo e poderemos ter de esperar por um Conselho Extraordinário na próxima quarta-feira para, no meio da turbulência dos mercados, sentimos que temos uma pequena luz ao fundo do túnel. Mas, ao mesmo tempo que os políticos europeus têm essa responsabilidade, entre nós, o futebol profissional aguarda, com muita ansiedade, uma decisão de uma juíza de um tribunal da cidade do Porto que poderá pôr em causa o contrato entre a empresa de apostas Bwin e a Liga Portuguesa de Futebol Profissional. A decisão do tribunal significará, em caso de reconhecimento da não validade do contrato, um rude golpe económico e financeiro para a nossa principal Liga. E só uma solução legislativa, partilhada com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a Associação Portuguesa de Casinos, impedirá uma crise que, em certos casos, pode ser fatal para muitos clubes. Mas, aqui, terá de ser a criatividade dos políticos a resolver a crise. Paradoxos dos tempos e dos discursos!
4. (...)"
Fernando Seara, in A Bola
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