"Sempre foi um jogador discreto no Benfica. Tão discreto que não me lembro de uma entrevista sua nos seis anos que ali jogou. Passou momentos menos bons, com estoicismo e paciência, sem que, cá fora, se lhe tivesse ouvido um reparo ou desabafo. Lembro-me, em particular, quando Koeman o preteriu em favor do calmeirão desajeitado Moretto.
Quim tem sido, na sua carreira, um profissional, abnegado e zeloso. Jamais foi um guarda-redes completo, mas, na sua passagem por um clube com a exigência e o escrutínio do Benfica, cumpriu.
Poderia ter sido melhor tratado na sua saída do clube, onde foi campeão titular duas vezes. É natural e legítimo sentir mágoa por esse facto.
Verdade seja dita que Quim nunca conseguiu captar a empatia total dos adeptos. Justa ou injustamente, a ideia que deixou foi de que nunca vestiu verdadeiramente a camisola do clube. Bom profissional, mas sem a chama imensa...
Eis senão quando o mesmo Quim - silencioso e quase misterioso no Benfica - ressuscita em Braga para dizer, com ar desajeitado, que o seu ex-colega Javi Garcia agrediu Alan e foi bem expulso. Assim, consumou, tristemente, a sua vingançazinha pelo modo como saiu do Benfica. O mesmo Quim que não balbuciou uma palavra quando Belluschi do FCP se empertigou e cresceu para o árbitro insolentemente, num misto de peitaça e cabeçada, sem que nada acontecesse... Devia ter achado que foi só o calor do jogo!
Com este gesto, Quim, aos 35 anos de idade, não desrespeitou apenas o clube que lhe pagou e o promoveu. Desrespeitou-se a si próprio. Não resistiu à pequena vendetta própria dos fracos, nem ao incitamento mediático de quem o mandou falar. E auto-excluiu-se da memória do Benfica."
Bagão Félix, in A Bola
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