"«Se o VAR não pode interferir quando há um erro daquela dimensão, o que é que o VAR faz?», questionou o treinador do Benfica, ainda a propósito do penálti assinalado a favor do Casa Pia
O penálti assinalado por alegada mão na bola de António Silva, contra o Casa Pia, que precipitou o autogolo de Tomás Araújo e mais um jogo com pontos perdidos pelo Benfica na Liga, continua atravessado na Luz.
Já passaram duas semanas, Duarte Gomes, diretor técnico de arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol, já falou sobre o lance, mas a forma como José Mourinho respondeu ontem, em conferência de imprensa, sobre o assunto fez pensar que o penálti tinha sido assinalado anteontem, ou há três dias.
Não é para menos. Duarte Gomes reconheceu o erro, mas defendeu a decisão do VAR não intervir. «Tem de haver um erro claro e óbvio do árbitro. Para haver intervenção, não pode haver a mínima subjetividade de interpretação», argumentou. Mourinho contra-atacou: «Ouvi as explicações do doutor Duarte Gomes relativamente à atuação do VAR e tenho que as respeitar. Mas é melhor acabarmos com o VAR. Se o VAR não pode interferir quando há um erro daquela dimensão, o que é que o VAR faz?»
Não deixa de ter razão. Se há instruções claras na interpretação dos lances de bola na mão/mão na bola e elas não são seguidas, isso não é um erro claro e óbvio? Se não é, deveria ser — e aqui nem estamos a falar de protocolo do VAR, mas de recomendações específicas do Conselho de Arbitragem para os seus árbitros.
Só porque um (o VAR, porque admito que até o árbitro do Benfica-Casa Pia, se tivesse tido oportunidade de olhar para o ecrã, achasse que aquilo não deveria ser penálti) admite que possa ser penálti, e 99 outros, especialistas de arbitragem, comentadores, antigos árbitros, até o diretor da FPF, achem que não, então não estamos a falar de «interpretação» — estamos a falar de um claro erro de interpretação.
E mais: se a lei 12 fala em «tocar deliberadamente a bola com as mãos», quando é que uma mão/braço na bola não é uma questão de interpretação? Não é o árbitro que tem de interpretar se a falta foi ou não deliberada? Quer isso dizer que o VAR nunca intervirá em lances desse tipo?
Aparentemente, não. Em benefício do Benfica, uns dias antes, a 29 de outubro, o VAR chamou o árbitro para ver potencial mão de Afonso Rodrigues na área dos encarnados, num lance com Leandro Barreiro, com bastantes semelhanças com o de António Silva (embora neste caso a bola venha do adversário, e não do próprio corpo do jogador do Tondela). O árbitro, mal, achou que era penálti.
Talvez o problema esteja mesmo nos árbitros, em campo e atrás dos monitores."

Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!