"A derrota em Marselha consagrou o fiasco anunciado na temporada do Benfica. E anunciado há muitos meses, desde que foi surpreendido pelo Salzburgo, quase humilhado pela Real Sociedad, totalmente manipulado pelo Inter. Falo dos jogos europeus, porque a nível doméstico a diferença de plantéis é tão grande que alimenta sempre as ilusões dos ditos grandes. A questão é que quando a qualidade individual do adversário se equiparou à dos encarnados, percebeu-se que a competência coletiva do Benfica era anémica.
E depois foi a sucessão de exibições fantasmagóricas, a goleada humilhante no Dragão, a estranheza de jogar melhor com as reservas – contra Vizela e Moreirense – do que com o onze eleito e repetido, uma série de opções individuais inexplicáveis (Morato a lateral, Cabral atrás de Tengstedt), as substituições tardias e falhadas, os jogadores intocáveis, para acabar na eliminação aos pés de um Marselha banal, que vai em nono na liga francesa e tinha quase dez jogadores indisponíveis. Roger Schmidt disse no final do jogo: “ficou provado que poderíamos ter chegado às meias finais”. Alguém lhe lembrará que há um ano essa frase se aplicava à Liga dos Campeões? Não houve evolução, mas involução.
Não era fácil, mas o treinador alemão conseguiu desiludir ainda mais esta época do que tinha iludido na anterior. Para usar um eufemismo, manifestou flagrante incapacidade, desde logo de perceber erros e de os corrigir. Como dizia um anúncio antigo, o Benfica apostou tudo no vermelho e saiu negro. Rui Costa, que errou ao renovar com Schmidt e mesmo em não o ter substituído a meio da época, não tem agora alternativa possível. Por muito que tenha de ser financeiramente criativo, não se vê como pode deixar nas mãos do mesmo homem um conjunto de jogadores que vale bem mais de 20 milhões, quando todos parecem hoje piores do que há uns meses e do que efetivamente são. Se um presidente não perceber que um treinador neste contexto deixou de ter condições para continuar, a curto prazo vai discutir-se se o presidente tem condições para continuar ele próprio.
PS: Confesso que ainda me espanta o prazer de tantos na vitória de quem joga pior. Ou na derrota de quem joga melhor. Ancelotti tem méritos indiscutíveis, mas está longe de gerir um plantel mais barato que o do City, só foi superior nos penaltis (tantas vezes mentirosos) e não evitou que um onze que tem Vinícius Jr., Rodrygo, Bellingham, Valverde ou Kroos, levasse o que a gíria trata como um “amasso”. Claro que podemos sempre falar de eficácia. E eficácia é capaz de ser, bem mais do que ganhar jogos a eliminar quando se tem os melhores jogadores, a capacidade de amealhar cinco campeonatos em seis na Liga mais competitiva do mundo. E já faltou mais para o sexto em sete."
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