"As milhentas fantasias criadas pelo Cirque du Soleil ao longo dos seus 38 anos de existência confundem-se com os incontáveis truques de magia dos quase 38 anos da vida paralela de Cristiano Ronaldo, o Rei-Sol do futebol. CdS e CR7 são duas marcas simultâneas do “show business” que têm inspirado gerações à escala mundial.
“Varekai”, espectáculo que foi estreado no ano em que Cristiano se tornou jogador profissional, contava-nos a história dos nómadas universais, como os futebolistas contemporâneos, que voam alto, tocam o Céu e acabam por cair, a partir do mito de Ícaro, o homem que queria voar e cujas asas derreteram ao aproximar-se do Sol. Como uma metáfora da vida do madeirense.
Nunca o original imortal do grande Artur Jorge, aqui adaptado a “o futebol é um circo”, fez tanto sentido.
E Cristiano interpretou na sua vida de "Saltimbanco" em permanente digressão pelo mundo todas as artes circenses dos inesquecíveis espectáculos do Cirque du Soleil: por vezes no ambiente de “Mystère” de Las Vegas, ou vivendo os sonhos encantados de “La Nouba”, ou empenhado na guerra dos mundos figurada em “Dralion” entre um Messi-Dragão e um Cristiano-Leão, ou perdido nas grandes farras de cabaré das suas férias escaldantes em “Zumanity”, ou nos grandes recitais em estádios míticos como em “Sép7imo Dia” ou, por fim, produzindo a própria saída de cena no funeral carnavalesco de “Cortéo” a que estamos a assistir desde Junho.
Cristiano Ronaldo reservou para o “grand finale” os contorcionismos e equilibrismos mais arriscados, tentando fixar-se nesse espaço mágico entre o céu e a terra, mesmo quando o peso da idade e da vida o atrai cada vez mais para baixo - felizmente para ele, apenas no plano desportivo, pois o seu negócio está nos antípodas da bancarrota financeira que a companhia canadiana entretanto sofreu.
A entrevista de ajuste de contas freudiana, assassinando a frio o “pai” Manchester United, é uma perigosa acrobacia sem rede que, para já, deixa o mundo em suspense, temendo o pior desfecho deste “mais difícil ainda” de uma longa carreira de desafios sem limite.
Esta semana, Cristiano muda-se da arena iluminada do palhaço rico Piers Morgan para o picadeiro da FEMACOSA, trazendo atrás toda a atenção do mundo, toda a pressão da imprensa internacional, todos os flashes dos “paparazzi”, todo o enorme ruído marginal e pernicioso para uma equipa de futebol profissional, a poucos dias de enfrentar um campeonato do Mundo.
Por causa deste impensável e egoísta “the show must go on” do seu Jogador-Sol, a selecção de Portugal ficou agora a balançar, perigosamente, entre uma queda do trapézio e uma palhaçada ridícula - isto se, entretanto, o homem-canhão não pegar fogo à tenda, em festa se marcar ou em desastre se não marcar os golos que ainda lhe faltam.
N.A.: Varekai, Saltimbanco, Mystère, La Nouba, Dralion, Zumanity, Sép7imo Dia e Córteo são nomes de espectáculos do Cirque du Soleil."
Personalidades narcisistas quando descompensam atingem e enlameiam tudo e todos a sua volta.
ResponderEliminarHa muito que antecipava este desfecho, ja que nao faco parte da triste e lamentavel corte de ronaldetes que abundam num Portugal que nao se respeita a si proprio.
Tudo isto e triste!!!
Tudo isto e fado!!!
Há uns anitos atrás, Gianluigi Buffon, um dos melhores guarda-redes que o futebol deu a conhecer ao mundo, sofreu um golo que parecia um frango, num jogo da liga dos campeões em Munique, contra o Bayern local.
ResponderEliminarFranz Beckenbauer, certamente não tendo visto o desvio que a bola teve (salvo erro num tufo de relva), veio criticar o guarda-redes, sugerindo que já era demasiado velho para aquelas andanças.
A resposta que Buffon deu a um jornalista, que lhe pedia para comentar as afirmações do antigo internacional alemão, revelou que a classe de Buffon não se resumia às intervenções nas balizas. Respondeu Buffon " se o Senhor Beckenbauer disse isso, quem sou eu para dizer o contrário."
Infelizmente nunca veremos Cristiano Ronaldo a dar uma resposta deste nível.
Cristiano é o espelho do meio onde cresceu e da educação que (não) teve.
Mas também é o resultado da adulação ridícula e do lambe-botismo patético de uma comunicação social que há muito abdicou do seu papel de informar/formar/questionar. Quando o tema é Cristiano Ronaldo, agem como fiéis seguidores de uma religião.
A comunicação social que temos contribui e muito para o Ronaldo ser como é. Ai de quem diga que o moço não é o supra-sumo da barbatana.
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