"Sinto-me um pouco embaraçado, mas se calhar até estava a precisar desta lição de humildade. Tanto lá do alto do terceiro anel - ou de outra bancada qualquer - como refastelado no sofá de casa, estou habituado a assistir aos jogos de futebol carregado de uma sobranceira que me permite avaliar as decisões tomadas pelos jogadores no relvado, convencido de saber sempre quais as melhores opções que cada um deveria tomar com a bola nos pés. De repente, aparece aí um argentino a decidir ainda melhor do que eu, e já nem consigo ver os jogos com o mesmo entusiasmo. O Enzo Fernández é aquilo que se costuma chamar de jogador diferenciado. È capaz de desbloquear linhas de passe como se estivesse a desbloquear o telemóvel com a impressão digital em situações onde outros jogadores parecem estar a tentar desbloquear o código PUK.
De cada vez que o Enzo tem a bola, ainda eu estou a analisar qual a melhor opção de passe, e já a redondinha está a chegar ao outro lado do campo. Se tivesse de fazer um passe longo da Luz para a Argentina, a bola só não chegava em condições ao destino se alguma gaivota de um remate do Paulinho se intrometessem no caminho. Pelo chão, a eficácia é a mesma: a conduzir a bola mesmo, com apenas 21 anos, parece que já tem carta desde que saiu da barriga da mãe. No momento de finalizar, o Enzo tem a frieza de um Calippo de morango e a qualidade ao nível de um ISO 9001.
Todas as suas acções são de uma competência elevadíssima e deixam sem palavras adeptos apaixonados por futebol como eu. Melhor do que ninguém, o presidente Rui Costa sabia muito bem quem estava a contratar: o Enzo Fernández é um autêntico maestro."
Pedro Soares, in O Benfica
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