"Com mais saídas do que propriamente entradas de jogadores, neste artigo analisamos a mais recente aquisição do SL Benfica: Ivan Chishkala. Ainda que sem qualquer confirmação e, consequente, apresentação por parte dos encarnados, foi o Gazprom-Ugra quem deu a notícia de que o pivô russo estaria de malas feitas para a ponta oposta do continente europeu.
É a mais de seis mil quilómetros, na cidade de Yugorsk, que vive o próximo pivô das águias e para muitos o “prodígio russo”. A notícia da vinda de Chishkala é muito importante para Joel Rocha não só pela sua tremenda qualidade, mas também porque o SL Benfica precisava urgentemente de um pivô com as características do russo. Sejamos sinceros… Fernandinho é um jogador de classe mundial, mas por muito que se queira não é um pivô habituado a ser “fixo”, acabando por ser demasiado móvel. E Fits? Bem… muito respeito, porém, não anda nem perto dos melhores pivôs que já passaram pelos encarnados.
Deixando aquilo que são as lacunas actuais do plantel das águias, observámos à lupa as qualidades e as dificuldades que Ivan Chishkala demonstra dentro de quadra. O russo de 24 anos é considerado por muitos o grande prodígio do Futsal russo e tem sido um goleador nato no Gazprom-Ugra.
Desde 2014/15, que o pivô tem mantido a marca de mais de 20 golos por época e esta temporada, que acabou ser interrompida pela pandemia de COVID-19, ia já com 18 golos em 27 partidas. Contudo, Chishkala ainda terá oportunidade para balançar as redes das balizas adversárias, pois a 2 de Agosto retomará a Liga Russa. Certamente, os adeptos encarnados estarão de olhos postos no pivô, numa espécie de tentativa – tal como estamos aqui a fazer – de observar a qualidade existente em Chishkala.
O pivô russo tem um bom físico para a posição que ocupa, um excelente remate – principalmente o remate longo –, e é um bom batedor de livres. Nas jogadas ensaiadas, Chishkala pode ser fundamental, visto que no Gazprom-Ugra o pivô é muitas vezes solicitado para rematar de primeira após um passe longo, o que acontece por diversos momentos no jogo dos encarnados. Ou seja, as águias adquiriam um jogador para preencher as lacunas deixadas por algumas saídas. O russo demonstra muito pragmatismo e não denota grande interesse pelas habilidades exuberantes no momento de ultrapassar o adversário.
É um jogador que já partilhou balneário, tanto no Gazprom-Ugra como na selecção russa, com um dos melhores pivôs do Mundo, Éder Lima, e por isso deve ter retirado muitos ensinamentos ao longo dos anos. Em Lisboa, Chishkala irá encontrar um velho conhecido da sua selecção e do Gazprom-Ugra: nada mais nada menos do que Robinho, que acredito tenha tido alguma importância nesta contratação. Esta dupla (e ligação russa) pode ser o caminho que o SL Benfica tanto procura para chegar à estação de “Mais Títulos Possíveis Numa Época”.
À primeira vista como grandes dificuldades, podemos apontar que Chishkala na grande maioria das vezes poderá ser ultrapassado facilmente numa jogada de um para um e aqui falamos, obviamente, mais nas competições europeias do que propriamente no campeonato português. Defensivamente pode ser um jogador com algumas lacunas numa zona mais avançada do terreno, pois, em cinco para quatro o jogador mostra uma grande consistência.
No Futsal, os jogadores estão em constante rotação em campo, principalmente a defender, e é aqui que Ivan Chishkala demonstra alguma dificuldade quando no momento da transição defensiva perde a percepção onde está a bola e o seu adversário, focando-se muito no último e ficando de costas para a bola. São aspectos que facilmente são trabalhados e melhorados com minutos e adaptação ao novo Futsal que irá encontrar em Portugal.
Depois de nove épocas no Gazprom-Ugra e de toda a carreira em palcos russos, Ivan Chishkala dá um passo gigante naquilo que é a sua projecção para o Futsal europeu. Um dado curioso é que de toda a equipa que fez o apuramento para o Mundial da Lituânia, apenas dois jogadores não faziam parte de clubes russos: Éder Lima (SC Corinthians) e Robinho (SL Benfica). Agora, Chishkala junta-se aos dois brasileiros naturalizados russos numa aventura por Portugal e pelo SL Benfica, numa decisão que chocou mesmo alguns amantes da modalidade devido à mudança de dois países completamente díspares.
O russo não é assim tão desconhecido do público português, pois já defrontou, a título de exemplo, o SL Benfica na UEFA Futsal Cup de 2015/16 (que o Gazprom-Ugra viria a ganhar) e a selecção portuguesa no EURO 2018, competição de boa memória para a selecção das Quinas. Resta agora saber se a qualidade do pivô russo se repercute nos pavilhões portugueses, sabendo, à priori, que será uma mudança radical a todos os níveis na vida de Ivan Chishkala."
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