"Já se entendeu que o futebol, leia-se Primeira Liga, tem de recomeçar.
Seja em que condições for!
Porém, o Código de Conduta apresentado pela Direcção Geral de Saúde revela algo de estarrecedor!
Uma mistura de totalitarismo com uma homenagem a Pôncio Pilatos, na nobre arte de lavar as mãos, tão necessária por estes dias!
Comecemos pelo segundo...uma figura tristemente histórica, mas, igualmente, visionária. Quem diria que 2000 anos depois iríamos todos a repetir o gesto que o fez entrar na história, após desresponsabilizar-se pelo morte de Jesus Cristo?
Ora, as normas apresentadas pela Direcção Geral de Saúde para o futebol poder avançar, começam a seguir esta filosofia no Ponto 1 do seu regulamento. Neste é afirmado que " A FPF, a Liga Portugal, os clubes participantes na Liga NOS e os atletas assumem, em todas as fases das competições e treinos, o risco existente de infecção por SARS-CoV-2 e de COVID-19, bem como a responsabilidade de todas as eventuais consequências clínicas da doença e do risco para a Saúde Pública." Ou seja, todos serão responsáveis, excepto o órgão que deu luz verde à pratica do jogo. Aliás, como se poderá responsabilizar o atleta se ficar infectado? Ou será que este, obrigado a exercer a sua prestação contratual, poderá recusar-se a tal?
Simplesmente, o sacudir o água do capote, numa espécie de "querem jogar, se acontecer algo entendam-se," Lembremo-nos que, apesar de estarmos a aludir a jovens no apogeu da sua forma física, falamos de uma doença nova, desconhecida, cujas sequelas ainda não são completamente conhecidas. Se acontecer algo a algum atleta, como será o futuro dele? Quem o assistirá? E se não assinar, estará a violar a sua obrigação de realização de prestação laboral sob as ordens do empregador? Justa causa de despedimento, visto a equipa estar em competição? Um verdadeiro limbo, em que a parte mais frágil não tem qualquer garantia!
Mencionemos, agora, o ponto 6. O totalitarismo digno de um estado policial. Passemos a transcrever: " Para este efeito, os membros do clube (que devem ser reduzidos ao mínimo indispensável) e os coabitantes dos atletas, equipas técnicas e árbitros ficam igualmente obrigados ao dever de recolhimento domiciliário imposto aos atletas." Ou seja, um recolher obrigatório imposto a Todos os familiares do atleta que com ele vivam! Ou seja, uma inadmissível extensão da restrição de liberdades aos próximos do jogador, apetecendo perguntar como se praticarão as sanções em casos de violação. Serão multados os transgressores? O jogador será afastado pelo inadimplemento de quem com ele vive? E se a mulher ou alguém que com ele viva trabalhar? Perderá o emprego, devido à profissão da pessoa que vive nas mesmas paredes? Uma medida imprópria, surreal e digna de uma sociedade anti-democrática.
Infelizmente, a DGS assustou-se... pressionada pelos barões do futebol para a Primeira Liga ser retomada a toda a força, quis salvaguardar-se! Quis evitar que, caso aconteça alguma calamidade, acusações das quais, atendendo à incapacidade de retórica dos seus componentes, não saberia defender-se! Quis proteger-se, como os fracos se protegem...reprimindo, proibindo, sacudindo a água para o capote dos outros!
Todos se revoltaram...não poderia ser de outro modo!"
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