"Bem sei que é contra-corrente, arriscado, sujeito a muitos mais discordantes do que concordantes, mas… sou um enorme fã deste formato de taça da liga. Mais: foram corrigidas duas lacunas que, a meu ver, existiam, pelo que entendo o desenho actual como muito bom.
Que correcções? Primeiro, os cabeças de série deixaram de fazer dois jogos em casa e um fora, na fase de grupos, para passarem a fazer dois fora e um em casa, o que, entendo, equilibra um pouco mais as diferentes forças nessa fase da competição. Segundo, volta a haver jogos do campeonato no domingo da semana de final-four – na época passada, houve essa pausa para a maioria das equipas e um fim de semana manco, por causa de um domingo sem bola.
Junto a isto tudo o que tenho visto, assistido e analisado nos últimos anos. Bem conheço a tendência habitual à portuguesa para se questionar, desconfiar e mesmo desvalorizar quando as cores presentes não agradam. Também bem sei que esta foi uma prova que nasceu torta, quer no desenho competitivo, quer pela polémica na final de 2009, quer sobretudo por nunca consigo ter carregado o brinde tão desejado (será mesmo?) de acesso às competições europeias.
Contudo, parecem-me ser cada vez mais os pontos positivos. O calendário protege as equipas que estão sobrecarregadas com as competições europeias – globalmente bem, com excepção de quem joga a 2.ª pré-eliminatória da Liga Europa e, pelo meio, tem jogo da 2.ª fase desta competição. As duas primeiras jornadas da fase de grupos são realizadas a meio da semana, não condicionando o tradicionalismo do campeonato ao sábado ou domingo, e apenas a última, tipicamente onde as decisões surgem para a final four, acontece ao fim de semana. Ou seja, em período de campeonato (desde o começo até ao fim), a Taça da Liga ocupa dois sábados e um domingo no quadro futebolístico português.
Depois, todo o conceito de final-four. Se aplaudimos o facto de as meias-finais da FA Cup serem jogadas em Wembley, não me parece que neste formato esse aplauso não surja. O conceito de final-four, que abrange muito mais do que três jogos, ganha na envolvência que consegue ter com a cidade. Estive na primeira, no Algarve, onde o desfecho do formato não foi, geograficamente, feliz, pelas duas finalistas minhotas. E estive também na da época passada, em que reuniu o anfitrião e os três clubes com maior massa adepta do país. Momentos bem diferentes, mas uma logística semelhante, apelativa aos adeptos, repleta de iniciativas e entretenimento. Nesse sentido, e com as devidas diferenças de realidades, uma cidade em clima de Europeu, como se viu em 2004.
Num estádio belíssimo, embora pouco funcional para adeptos e jornalistas, as ofertas facilitadoras de mobilidade são também assinaláveis e, é justo dizê-lo, os três anos em Braga solidificaram, e de que maneira, um formato de final-four que ali chegou bastante tremido depois da parca adesão algarvia. Sai muito mais reforçado e com um embalo positivo para quem pegar no testemunho… Ficará no Norte? Guimarães teria toda a lógica, Porto (provavelmente no Bessa) também. Seguirá para o Centro? Coimbra, Aveiro e Leiria, ou mesmo Viseu, estão sedentas de futebol de alto nível. Ou significará uma nova solução, mais arrojada e arriscada, de forma a chegar a todos os pontos? Funchal, Chaves, Ponta Delgada, Restelo, novamente Algarve…
Fica uma sugestão: passar a fazer a final-four no período de férias natalícias. Houve quem tivesse aplaudido a paragem, houve quem tenha lamentado o interregno. A meu ver, e tendo em conta que, no resto da Europa, praticamente só em Inglaterra há futebol nesse período, seria uma excelente oportunidade para potenciar internacionalmente uma etapa curta e intensa. Claro que quatro equipas teriam limitada a sua pausa de inverno, mas por causa da discussão de um troféu contra apenas mais três participantes. Todas as outras, cumpririam a referida paragem. Quanto aos adeptos, que tanto importam para o futebol, teriam uma disponibilidade bem maior, quer para encher o estádio durante os jogos, quer para participarem na infinidade de iniciativas que englobam a semana do evento.
Uma sugestão difícil de concretizar, sobretudo num contexto de enorme dificuldade de calendários e onde há um constante jogo de forças entre os clubes e os operadores televisivos e entre os próprios clubes, qual guerra do poder horário, mas que se engloba num voto favorável à continuidade da competição e deste formato em específico.
E, já que tanto se falou nisso outrora, aproveitar a recuperação do sexto lugar no ranking da UEFA para aliciar o vencedor da prova com a participação nas competições europeias.
Porém, entre aplausos e sugestões, a certeza: este formato é muito bom e dificilmente se poderia criar melhor conceito para promover uma jovem e diferente competição, com todos os entraves e cepticismos próprios de uma sociedade avessa à mudança."
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