"Como um título de notícia pode desvirtuar o seu conteúdo. De facto, a notícia reporta-se muito mais à progressiva regulamentação do futebol, como vem sendo reclamado, por exemplo, pelas organizações representativas dos jogadores, do que por atoardas sobre branqueamento de capitais. A notícia que dá algum destaque, merecido, a portugueses intervenientes em organizações que pugnam pela transparência e integridade no futebol, acaba por destacar uma nova fase regulatória que acabará por consagrar em termos regulamentares antigas aspirações dos apaixonados por este desporto:
i) remodelação do sistema de propriedade disciplinar a actividade dos fundos de investimento domiciliados em off-shores;
ii) reforma profunda das políticas de transferências de jogadores, de formação de planteis, regulamentação do número de empréstimos;
iii) a obrigatoriedade das transacções financeiras, com transparência total dos fluxos de dinheiro. A implementação deste tipo de medidas vem consolidar a força do Benfica que assenta o desenvolvimento da sua actividade na formação de talento, na modernidade das suas infra-estruturas, na mobilização dos seus adeptos consumidores e, sobretudo, na renovação de ciclos vitoriosos.
O Benfica tem a sua propriedade distribuída entre sócios (o grupo maioritário) e accionistas de referência (identificados) sem que qualquer um deles, ou entre eles, se estabeleça uma relação de domínio suspeita de actividades de branqueamento de capitais, a partir de investimento estrangeiro.
Poderá o SCP dizer o mesmo? Basta recuperar os diálogos entre Bruno de Carvalho e Álvaro Sobrinho para se poder lançar a dúvida.
E o que dizer das triangulações entre Porto, Portimonense e os seus accionistas comuns? Não são muito estranhas as transferências entre estes dois clubes?
Por outro lado, o escrutínio apertado do financiamento dos clubes só fará reduzir o fosso entre os clubes portugueses e os colossos europeus que têm beneficiado das enxurradas de capitais provenientes da Rússia, do Médio e Extremo Oriente, por vezes através de empresas estatais. A transparência nos fluxos permitirá regulamentar e aumentar a competitividade do desporto, deixando uma margem de indefinição para o talento e inspiração dos jogadores. Este movimento é também uma oportunidade para os nossos dirigentes federativos e grupos profissionais ligados ao futebol se libertarem de grupelhos criminosos que actuam à margem e se infiltram nas zonas de obscuridade.
Sim, podemos falar de claques legalizadas associadas a apostas ilícitas, a intermediários portadores de propostas de corrupção, a dirigentes monitorizados, a promotores de carreiras de árbitros, a treinadores amestrados, toda esta actividade tem encontrado no futebol um ecossistema de acelerado desenvolvimento. Esta notícia acaba por ser um cartão amarelo para todos eles. Falta regulamentar a sua expulsão."
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