"Um tópico que faltou nas célebres comunicações em directo do Ministro de Informação de Sadam Hussein em plena Guerra do Golfo foi o chamado “fogo amigo” que causava as maiores baixas entre as forças da coligação agressora do Iraque. Encerrado no seu bunker de Bagdad, o homem não sabia o que se passava na frente das próprias tropas iraquianas, quanto mais nas hostes inimigas.
Esta semana lembrei-me dessa falha irreparável do patusco Mohammed Saeed al-Sahhaf ao ver as surpreendentes e contraditórias intervenções do Director de Comunicação do FC Porto, no seu bunker no Porto Canal, precisamente sobre o “fogo amigo” que custou a baixa do capitão Danilo na guerra do Algarve.
Foi preciso viver décadas neste meio para assistir à acção destrutiva deste tomahawk azul e branco, que abre uma cratera enorme no coração do FC Porto e deixa a nação portista cheia de dúvidas sobre a força actual do seu presidente vitalício. O descontrolo da informação é o primeiro sinal da fraqueza do regime.
E foi de total descontrolo dos acontecimentos a imagem que passou, do popular Jota Marques a desdizer tudo o que tentara passar para negar os acontecimentos e acabar por confirmar que era informação pura e dura o que tinha vindo a público. Não só credibilizou os diabólicos meios de informação, como acabou por enxovalhar e levar ao desespero os corajosos combatentes que se tinham esforçado também, até ao limite, a negar, durante dois dias, as evidências do conflito aberto entre o general e o capitão: houve quem chegasse a considerá-lo um delírio de “gente a navegar em ácidos”.
Num tempo em que a informação é tão importante para o exercício do poder, é toda a lógica de comunicação do FC Porto dos últimos três ou quatro anos que está finalmente em causa, depois de obrigada a bater em retirada da frente de guerra contra o Benfica. Perdido o foco (e as munições) contra o inimigo único, as baterias entraram em curto-circuito.
Tal como o saudoso Mohammed, um dos primeiros cómicos da história da televisão global, também Jota Marques há-de ser lembrado como exemplo do que não se deve fazer na área da comunicação. De tudo o que disse de mais importante, só vai ficar a caricatura."
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