"Vamos assistir, igualmente, e com claras tensões, à reformulação das competições do futebol, seja ao nível da FIFA seja ao nível da UEFA
1. Neste final de ano recordamos as alegrias e as tristezas que vivemos em 2018 e fazemos os melhores desejos para o ano que se vai iniciar, para 2019... Na nossa vida pessoal e no nosso sentir como comunidade independente. E, também, como vizinhos de uma aldeia global e como seres, que não se repetindo, sabem que a identidade e a memória fazem parte do nosso devir existencial. Permitam-me, assim, que deseje a cada um(a) dos nossos leitores(as) um Feliz 2019. Brindemos, acima de tudo, à vida!
2. Mas permitam-me que nesta última crónica de 2018 equacione algumas das questões que, no meu modesto entender - sempre sujeito a erros e a omissões! - vão marcar o ano que no final do dia de amanhã arranca. Em termos desportivos ambicionamos a conquista da primeira Liga das Nações em futebol. Esta nova competição da UEFA, que superou as expectativas dos seus criadores - e com indiscutível e craveira mão portuguesa - vai proporcionar às cidades do Porto e Guimarães um atractivo e sugestivo arranque de Junho. Vão viver um verdadeiro São João antecipado. Serão milhares os fiéis adeptos das selecções apuradas para esta final four a rumar a Portugal, a encher os espaços do Norte de Portugal, a combinar o vinho do Porto com a cerveja, a degustar a nossa singular gastronomia e a encher os estádios do Dragão e o Afonso Henriques. E sempre com a nossa secreta, viva e sentida esperança de erguermos, afinal e no final, o primeiro troféu de conquistadores da Liga das Nações em futebol. Seria mais um título para estes tempos fantásticos da nossa Federação e, também, da nossa principal selecção de futebol.
3. Vamos assistir, igualmente, e com claras tensões, à reformulação das competições de futebol, seja ao nível da FIFA seja ao nível da UEFA. Aqui as três competições europeias de clubes serão uma realidade confirmada e ao nível da FIFA o processo conducente a um atractivo Mundial de clubes prosseguirá a sua marcha. A FIFA quer organizar competições entre clubes e não apenas entre selecções. Mas a reformulação atingirá as competições internas com a rápida evolução da nossa segunda liga - que caminhará para duas séries, ou seja duas zonas - e para a esfera federativa e com as competições profissionais, sob a direcção de uma reformulada Liga de clubes, a concentrarem-se, apenas, na primeira Liga. O que será, em conjunto, uma verdadeira revolução. Com derrotados e vitoriosos. Mas com as Federações nacionais e assumiram mais poder, que não apenas mais e mero protagonismo.
4. Vamos em 2019 confirmar a sedimentação do VAR como instrumento importante para uma maior verdade desportiva também no futebol. Vai chegar, já, aos oitavos de final da Liga dos Campeões o que significará a sua consolidação em termos de futebol europeu. É claro que sendo o VAR humano continuará a suscitar controvérsias e múltiplas discussões, ou seja continuará a permitir, em grau bem menor diga-se, o sal e a pimenta que levaram à afirmação do futebol como um dos marcos - e exemplos - desta globalização que tem na tecnologia nas suas diferentes formas e vertentes um dos marcos deste nosso tempo civilizacional. Se o meu neto João Maria, com o sorriso ternurento dos seus três anos, já mexe tablet com uma destreza que me impressiona estou certo que o VAR se vai aperfeiçoar ao longo do ano de 2019!
5. Neste Ano Novo vão continuar as disputas judiciais a envolver questões relacionadas com o desporto, com clubes desportivos e com sociedades desportivas. E digo judiciais em termos de justiça do Estado e não em termos de justiça desportiva onde, aqui, irão surgir duras sanções disciplinares que provocarão sérias rebeliões. E logo no ano, este de 2019, onde surgirá um novo elenco de árbitros no Tribunal Arbitral do Desporto e com um processo de avaliação necessariamente exigente.
6. O ano de 2019 será marcado por eleições europeias e por eleições legislativas em Portugal. Entre outras eleições em outros Estados europeus. O desporto não será, em qualquer delas, prioridade para a apresentação de concretas propostas - ou ideias - por isso, o desporto passará ao lado de múltiplos temas que perturbam a unidade e a comum (?) ideia de Europa e, também, entre nós, e com a excepção do tema da violência que estará, por questões disciplinares, a desviar atenções, os temas de desporto, por demasiados quentes, serão remetidos para alguns parágrafos dos programas eleitorais das candidaturas às eleições de Outubro próximo. Salvo se a disciplina perturbar tudo... e desencadear rebeliões!
7. O desporto electrónico ganhará cada vez mais adeptos e praticantes. São já milhões de praticantes, que já ganham - os melhores milhares de euros por mês, fartam-se de viajar e são reconhecidos e acompanhados por outros milhões de adeptos e fans! São estes eSports que vão crescer, e muito, em 2019. E também aqui ser número 1 do Mundo exige muito tempo, muita saúde e muita pressão. E mesmo neste jornal é importante dar nota de uma realidade deste tempo de mentes digitais brilhantes!
8. Nas outras modalidades convém acompanhar a crise de talentos no atletismo, a força do surf, da canoagem, dos ténis e do motociclismo, a crescente relevância do futebol feminino e a consolidação da presença dos três grandes do desporto português nas principais modalidades colectivas, como basquetebol e andebol, hóquei em patins e voleibol (aqui sem Porto). E com o COP a continuar a ser a instituição que agrega todos e todas, o que implicará a ponderação da existência, duplicando representações, de uma Confederação do Desporto. E com a presença paralímpica reconhecida e motivada.
9. O ano de 2019 será o ano do arranque de um novo canal desportivo, o canal da Federação Portuguesa de Futebol. É uma aposta forte e arrojada. Cheio de grandes nomes do jornalismo e da comunicação em Portugal vai mexer, e muito, no mercado televisivo, nas suas ofertas e pode perturbar realidades já existentes. Estou convicto que todos os operadores e, em particular, a Federação Portuguesa de Futebol não deixarão de prestar toda a atenção a projectos portugueses, com memória e história, com identidade e vontade, com consciência e experiência.
10. Agora, no arranque do novo ano, teremos o fim da primeira volta da Liga NOS, a final four da Taça da Liga, a decisão acerca dos semi-finalistas da Taça de Portugal e, logo no arranque de Fevereiro respectivamente os oitavos e os dezasseis avos de final da Liga dos Campeões e da Liga Europa. E com um fim de semana bem rico em termos da globalmente atractiva Liga inglesa. Feliz 2019. Bom desporto. Mas acima de tudo que arranque 2019 com um brinde à vida!"
Fernando Seara, in A Bola
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